O trabalho defende que um número maior de casos – que antes passariam despercebidos- foi notificado, e que pode haver erros de diagnóstico
REDAÇÃO ÉPOCA - Garoto de 10 anos segura no colo irmão de dois meses que nasceu com microcefalia em Pernambuco (Foto: AP Photo/Felipe Dana, File)
Um relatório feito por pesquisadores do Estudo Colaborativo de Malformações Congênitas (Eclamc), um grupo latino-americano que estuda o tema, questiona o tamanho do surto de microcefalia no Brasil, e a conexão dos casos com a infecção pelo vírus zika. De acordo com os pesquisadores Ieda Maria Orioli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Jorge Lopez-Camelo, os registros dos primeiros casos de microcefalia em Pernambuco motivaram as autoridades a buscar por outras ocorrências do problema. Por isso, casos que passariam despercebidos começaram a ser notificados. Alguns deles, no entanto, ainda não foram confirmados – são apenas suspeitas que podem ter inflado os números. Para os pesquisadores, o problema pode não ser tão grave quanto as notícias levam a crer. O relatório foi republicado nesta quinta-feira (28) no site da revista científica Nature. Organizações de saúde internacionais e o governo brasileiro discordam das conclusões dos pesquisadores.
O relatório afirma que, historicamente, muitos casos de microcefalia passaram sem notificação. Até 2015, o governo brasileiro registrava, em média, que 1% das crianças nascidas apresentava o defeito – enquanto que a estimativa era de 3%. Como, agora, o governo passou a fazer uma busca ativa por crianças que sofram do problema, o número aumentou: “Qualquer busca ativa de um defeito específico resultará em um incremento de pelo menos 2/3 no número dos casos usualmente registrados”, afirma o relatório, que está disponível online em português.