* Virginia Trevisani é reumatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa
Poucas pessoas sabem que o Fevereiro Roxo também tem como foco a conscientização sobre uma doença considerada invisível e que, segundo a Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED), acomete mais de 6 milhões de pessoas no Brasil e tem maior incidência entre as mulheres – 90% dos casos diagnosticados envolvem pessoas do sexo feminino – com idades de 25 anos a 50 anos. Estou falando da fibromialgia, síndrome clínica que se manifesta pela dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Mundialmente, a doença afeta entre 2,5% a 6% da população.
Infelizmente, a fibromialgia não aparece em exames laboratoriais e de imagem e é de difícil diagnóstico, principalmente porque ele é realizado apenas em âmbito clínico. Muitas mulheres, antes de conseguirem descobrir a doença, sofrem preconceito pela descrença dos próprios familiares e amigos na dor que estão sentindo – sendo consideradas exageradas ou frágeis. Mas não é exagero afirmar que, como muitas portadoras descrevem, a fibromialgia causa “dores do fio de cabelo até o dedão do pé”. Trata-se de uma condição na qual as sensações ficam amplificadas. Além disso, ela pode apresentar diversas manifestações preocupantes como fadiga, sono não reparador, alterações na memória e na concentração, formigamentos, dores de cabeça, tontura, alterações intestinais. Consequentemente, questões emocionais como depressão e ansiedade surgem também, comprometendo significativamente a qualidade de vida das pacientes.