Mariana já coletou 6 mil assinaturas em petição online por mudança da definição da palavra "madrasta"
- Foto: Daniel Pinheiro/Reprodução site Somos Madrastas
Madrasta. Se você fizer uma busca no Google, ou no dicionário Michaelis, vai encontrar definições estereotipadas e preconceituosas para as mulheres que se dedicam a cuidar dos filhos de seus maridos, ou companheiros, os enteados.
Nos dicionários, o termo “madrasta” está associado a significados negativos como “mulher má” e “aquilo de que provêm vexames e dissabores”.
A notícia boa é que essas definições estão com os dias contados! Uma campanha lançada pela educadora parental Mariana Carmadelli, madrasta de dois adolescentes, 14 e 18 anos, está pedindo à plataforma de buscas e à Melhoramentos (editora do dicionário Michaelis) que acabem com essa linguagem figurada. E ambos responderam de forma positiva!
“Não é a maioria das madrastas que é má, não é a maioria das madrastas que não dá amor, nem afeto, nem cuidado. Então, se a gente assume que o dicionário precisa refletir a nossa sociedade, a gente precisa atualizar isso. A gente não está mais numa época em que a madrasta é essa figura”, comenta Mariana, que é especialista em Inteligência Emocional.
Para que a campanha “Madrasta não é palavrão!” ganhasse visibilidade, engajasse a sociedade e chegasse às editoras, Mariana decidiu criar um abaixo-assinado na plataforma Change.org. (veja abaixo como participar)
Grupo de madrastas
Mariana lidera uma comunidade voltada ao acolhimento de mulheres que se tornaram madrastas. O grupo une cerca de 40 mil madrastas que lutam, diariamente, pelo fim do estereótipo e do preconceito.
Uma dessas batalhas é reinventar a narrativa arcaica – do século retrasado – que ainda é associada ao significado do papel social que elas desempenham.
Ela já havia tentado essa ação de sensibilização sozinha e
incentivado outras madrastas a denunciar, porém, nunca havia obtido nenhum resultado ou resposta.
A petição está aberta e se aproxima de 6 mil assinaturas. Isso tem ajudado a educadora a impulsionar a causa e alcançar maior proporção.
Veja neste link.
O retorno
Depois que milhares de pessoas se engajaram na causa, o próximo passo da campanha foi chegar diretamente às editoras. Este processo foi conduzido pela equipe da plataforma de petições.
Os especialistas em ativismo digital da Change.org procuraram os tomadores de decisão, apresentaram a demanda da Mariana e as respostas chegaram.
Definição de “madrasta” será revisada
O Google, que licencia conteúdos da Oxford Languages, informou que, apesar de não ter controle editorial sobre as definições fornecidas pelo parceiro, reconhece a preocupação de seus usuários e prometeu transmitir a demanda aos responsáveis pelo conteúdo.
A empresa informou, ainda, que a definição de “madrasta” será revisada pelo time da Oxford Languages.
A Oxford Languages confirmou que, no caso do termo “madastra”, está trabalhando com os colegas do Google para fazer algumas alterações na maneira como a definição é exibida nos resultados da busca, para tornar o contexto e o uso da palavra mais claros.
Por fim, a Editora Melhoramentos esclareceu que está consultando uma equipe de lexicógrafas (autoras de dicionários) para uma revisão no verbete.
O trabalho, segundo a editora, exige tempo e uma pesquisa acurada, mas a Melhoramentos disse que terá a definição de “madrasta” atualizada de acordo com o uso corrente na língua tão logo seja possível.
Madrastas apoiam!
Mariana comenta que, desde o primeiro momento em que
lançou a mobilização, tem recebido relatos muito positivos de outras madrastas. Ela conta que as mulheres, que agora assumem seus papéis na nova família, antes tinham vergonha, medo do que as pessoas poderiam falar e, por causa do estereótipo, até evitavam se apresentar como madrastas.
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