Trinta e dois candidatos fizeram doações de R$ 50 mil reais a cada um dos postulantes
Vittorio Medioli, prefeito eleito em Betim (MG), pagou do próprio bolso despesas eleitorais e ainda injetou R$ 1,9 milhão nas campanhas de 228 concorrentes a vereadores / Reprodução (Facebook)
Metade dos vereadores eleitos de Betim (MG) possui uma “dívida de gratidão” com Vittorio Medioli (PHS), que tomará posse como prefeito em janeiro. Um dos candidatos mais ricos da eleição municipal de 2016, Medioli pagou do próprio bolso suas despesas eleitorais e ainda injetou R$ 1,9 milhão nas campanhas de 228 concorrentes à Câmara Municipal, 11 dos quais foram eleitos.
Não se trata de um caso isolado. Segundo levantamento do Estadão Dados, 32 candidatos a prefeito fizeram doações que totalizaram pelo menos R$ 50 mil reais a cada um dos postulantes, dentro de um conjunto de 2.537 colegas de partido ou coligação que concorreram a vagas em câmaras municipais. As contribuições foram tanto em dinheiro quanto em material de propaganda ou combustível.
Os maiores volumes de recursos foram doados por candidatos com patrimônio farto e que bancaram as próprias campanhas, como João Doria (PSDB), em São Paulo, Rubens Furlan (PSDB), em Barueri, e Flori Luiz Binotti (PSD), em Lucas do Rio Verde (MT), além de Medioli — todos eleitos.
Candidatos a prefeito têm um duplo incentivo para contribuir com as campanhas de vereadores. Em primeiro lugar, eles formam um exército de cabos eleitorais. E também montam antecipadamente uma base de apoio no Legislativo, em caso de vitória.
Em Lucas do Rio Verde, a situação é similar à de Betim: quase a metade dos vereadores eleitos (4 de 9) recebeu ajuda financeira de Flori Luiz Binotti. No total, ele distribuiu R$ 1,14 milhão, sendo que 28 dos 32 beneficiados não passaram pelo teste das urnas.
Binotti doou para sua própria campanha à prefeitura R$ 2,13 milhões, o equivalente a 97% de tudo o que arrecadou. O patrimônio declarado pelo prefeito eleito à Justiça Eleitoral chega a R$ 33,9 milhões. Lucas do Rio Verde, um polo do agronegócio, é uma das cidades mais ricas de Mato Grosso.
Já o patrimônio do prefeito eleito de Betim é dez vezes maior. Segundo candidato mais rico do País, com R$ 352,5 milhões declarados, Medioli doou R$ 4,5 milhões para a própria campanha.
Justiça Eleitoral