Foto: Nelson Jr./SCO/STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso avalia, em entrevista publicada nesta segunda-feira (14) pelo jornal Folha de S. Paulo, que não há uma “operação abafa” contra as investigações da Lava Jato, mas que “é preciso estar atento”. “[Respondeu depois de um silêncio de sete segundos] Eu acho que não. Mas a quantidade de interesses que foram revolvidos [pela Lava Jato] faz com que isso seja uma possibilidade. É preciso estar atento. Uma das sensações que me entristecem no Brasil é a gente ser menos do que pode ser. Se andarmos na direção certa, nós viveremos uma ascensão mundial inexorável”, afirmou. O magistrado defendeu também a restrição ao foro privilegiado. “Eu falo sobre isso há mais de dez anos. Quem deve ter foro no Supremo? Os chefes de Poder e talvez os ministros do Supremo, e mais ninguém. Aí você tem duas possibilidades: ou todas as autoridades passam a ser julgadas pelo foro que julgaria qualquer cidadão comum, ou talvez elas precisem de algum grau de proteção institucional”, sugeriu, ressaltando, porém, ser necessário um meio-termo para os políticos. “O parlamentar, o político em geral é um homem sujeito a paixões e ódios. Portanto, no seu foro de origem, na sua comarca, ele pode ser protegido ou pode ser perseguido. Se criássemos um juízo de primeiro grau especializado, em Brasília, ele poderia ter uma isenção. E daria certa unidade ao modelo”. Questionado sobre a ação do juiz Sérgio Moro, que colocou o Judiciário brasileiro sob os holofotes após medidas controversas, como a divulgação do áudio e conversas interceptadas envolvendo a ex-presidente Dilma Rousseff, Barroso não quis comentar a atitude do juiz diretamente. “Eu não comento casos concretos. Mas, falando genericamente, vazamentos de conversas privadas não associadas à investigação são reprováveis”, declarou, acrescentando, em outra resposta, que não considera que limites legais estejam sendo rompidos. “Não, não tenho esse sentimento, não tenho. A minha percepção é a de que não há um Estado policial e sim um Estado democrático de direito querendo mudar seu patamar ético e civilizatório, com todas as dores que isso traz”. As ações contra Lula e uma eventual perseguição contra o ex-presidente que o ministro não quis comentar. “Eu não posso comentar”, disse, para completar: “Tenho muitas opiniões, mas eu vivo um momento em que não posso compartilhá-las todas. Peço que entendam a minha situação. Agora, eu não acho que corrupção possa ser carimbada, a corrupção do PT, a do PSDB, a dos que eu gosto mais, a dos que eu gosto menos. A corrupção é um mal em si, venha de onde vier, e não deve ser politizada. A lógica da Justiça não pode ser a do amigo ou inimigo. Há de ser a do certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo”, disse. BN
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