Questão da imigração e dos refugiados foi central para a eleição de Donald Trump
FELIPE MAIA, DE PARIS
Sherzad fixou acampamento ao lado dos canais que levam ao Rio Sena, em Paris. Imaginar o lugar pode suscitar devaneios românticos a muitos – não a Sherzad, sem condições de sobreviver, quanto mais de sonhar. Ele guarda os poucos documentos que lhe restam em um saco plástico preso junto ao corpo. Titubeia para responder se tem 17 ou 18 anos, desconfiado do que pode lhe acontecer. “Paris é melhor que a Jungle”, diz. Com medo do Taleban, ele deixou seu Afeganistão e caminhou por três meses até a Europa. Estancou na Jungle, como ficou conhecido o maior campo de refugiados do continente, em Calais, litoral norte da França. Boca do Eurotúnel, Calais é a passagem procurada nos últimos anos por milhares de refugiados em direção ao Reino Unido. Sem conseguir burlar as barreiras de segurança, Sherzad fixou-se na Jungle como uma das 9 mil pessoas vindas de países como Sudão, Eritreia, Síria e Iraque, entre tantos outros, à espera de uma oportunidade, de um vacilo da vigilância do túnel.
Acampamento de refugiados sudaneses em Paris. A prefeitura não tem como alojá-los (Foto: Mustafa Yalcin / Anadolu Agency/AFP)
Após seis meses de tentativas infrutíferas de cruzar o Canal da Mancha por baixo, Sherzad perambula pelas ruas de Paris à espera de algo. Não sabe o que vai fazer, como a maioria dos refugiados espalhados pela França desde o início do processo de desmonte da Jungle, no mês passado. LEIA MAIS
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