O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu sua agenda de compromissos pelos próximos três meses por conta do câncer que ataca sua laringe.
A expectativa é que a cura da doença ocorra após um tratamento com duração de quatro meses, segundo Luiz Paulo Kowalski, um dos médicos da equipe do hospital Sírio-Libanês que cuida do ex-presidente.
Por conta dos efeitos colaterais do tratamento, Lula perderá o cabelo e também sua característica barba, que cultiva desde jovem.
O médico disse à Folha que o câncer do ex-presidente tem como causas o tabagismo (ele só parou de consumir cigarros há dois anos) e a herança genética. A doença levou à morte dois de seus irmãos.
Abalo
Kowalski, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço e professor da USP, examinou Lula na sexta-feira e no sábado. Segundo o médico, o ex-presidente sofreu um abalo ao receber o diagnóstico, mas depois mostrou "coragem".
"Foi o cigarro, não foi doutor?", indagou Lula, de acordo com o médico.
Ante a resposta positiva, o ex-presidente disse: "Então vamos fazer o que tem que ser feito", contou Kowalski.
No momento de deixar o hospital, no sábado, Lula chegou a brincar: "Posso comer uma picanha amanhã?".
Segundo o médico, o ex-presidente contou que na semana passada havia dito à presidente Dilma, em tom de gozação, que estava rouco e que tinha um câncer.
"O Lula acertou o diagnóstico. Merece um CRM [registro para atuar na área médica]", afirmou Kowalski.
Hoje cedo Lula inicia o tratamento de quimioterapia no hospital. Também sai hoje o resultado da biópsia a que ele foi submetido. As sessões de radioterapia começarão em dois meses e devem durar sete semanas.
Segundo Kowalski, o tratamento deverá levar à melhora gradativa da voz de Lula e a doença não deverá deixar sequelas nas cordas vocais.
Outro médico da equipe, o cardiologista Roberto Kalil Filho, visitou Lula ontem em São Bernardo do Campo.
Kalil Filho afirmou que o ex-presidente está tranquilo. "Ele está extremamente bem humorado e confiante e isso é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento".
Apesar da recomendação para descansar, a equipe médica avalia que ele retomará suas articulações políticas assim que se sentir melhor. O pior dia costuma ser o segundo, depois das aplicações.
Ontem, Lula passou o dia em casa, acompanhado de seus filhos e netos. ( Folha online)