Pesquisadores americanos deram um passo considerado promissor para o tratamento de infartados. Usando células-tronco retiradas do coração do próprio paciente, cientistas conseguiram diminuir pela metade a área lesionada, onde se formam cicatrizes. Os cientistas anunciaram, ainda, que foi possível regenerar o tecido original. O trabalho foi publicado ontem na revista médica “Lancet”.
Realizada pelo Instituto do Coração Cedars-Sinai, a pesquisa mobilizou 25 pacientes. Antes do tratamento, eles tinham cicatrizes (tecido lesionado, sem circulação sanguínea) no coração que representavam, em média, 24% do ventrículo esquerdo, caindo para 16% após seis meses de tratamento e 12% depois de um ano.
Tratamento pode começar em 2016
Mesmo estando em fase de testes de segurança, os resultados foram considerados animadores. Será necessário realizar novos experimentos, que comprovem a eficácia da terapia. Diretor do Instituto do Coração Cedars-Sinai e um dos pesquisadores envolvidos no trabalho, Eduardo Marban está otimista. Ele acredita que o tratamento poderá começar a ser feito em larga escala daqui a quatro anos.
"A capacidade de regenerar o tecido lesionado é (uma conquista) sem precedentes e potencialmente importante. Estamos muito entusiasmados com as perspectivas de generalizar este tipo de tratamento para pacientes ainda mais graves", afirmou Marban ao GLOBO por e-mail. "A partir deste ano, já vamos acompanhar, na fase 2, cerca de 200 pacientes com o objetivo de melhor avaliar tanto a segurança como a eficácia (do tratamento). Se tudo correr bem, um produto comercial deve estar disponível até 2016".
Durante um ataque cardíaco, parte do coração fica sem oxigênio, causando a morte do tecido muscular do coração, além do surgimento de cicatrizes. Isto provoca a redução da capacidade cardíaca. Cerca de um mês depois do infarto, os pesquisadores tiram amostras de células do coração que não foram afetadas. Este procedimento foi possível inserindo um tubo na veia do pescoço do paciente.
Em laboratório, os pesquisadores conseguiram isolar as células-tronco daquela amostra e multiplicar sua quantidade. Assim, os cientistas puderam injetar até 25 milhões de células-tronco no local afetado, circundando as artérias do coração. Foram elas as responsáveis pela diminuição das cicatrizes e regeneração do tecido cardíaco morto.
Apesar desta melhora nos tecidos do coração dos pacientes, não houve a recuperação da capacidade cardíaca dos pacientes.