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sábado, 15 de março de 2025

Mulher que deu golpe no Exército por mais de 30 anos é condenada e terá que devolver R$ 3,7 milhões

Ana Lucia Umbelina Galache de Souza se passou por filha de ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) com documentos fraudados. Condenação é em última instância e não cabe mais recurso. Além da devolução do dinheiro, ela deve cumprir 3 anos e 3 meses de prisão em regime inicialmente aberto.
Por Loraine França, g1 MS
Ana Lucia Umbelina Galache é sobrinha-neta do ex-militar falecido em 1988. 
— Foto: Reprodução/Redes sociais
O Superior Tribunal Militar (STM) condenou Ana Lucia Umbelina Galache de Souza por crime contra o patrimônio e estelionato. Ela se passou por filha de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial e, durante 33 anos, recebeu indevidamente R$ 3,7 milhões em pensão. A pena, divulgada nesta quinta-feira (13), determina a devolução de todo o valor recebido, além de 3 anos e 3 meses de prisão em regime inicialmente aberto.

A condenação aconteceu no dia 28 de fevereiro, em última instância, não existindo mais possibilidade de recurso. Segundo o processo, Ana Lucia era sobrinha-neta de Vicente Zarate, mas fraudou documentos e recebeu pensão entre 1988 e 2022 como se fosse filha dele.

O g1 tentou contato com Ana Lucia por telefone, mas as ligações não foram atendidas.

A Defensoria Pública da União (DPU), que fez a defesa dela, informou que não representa mais Ana Lucia desde o dia 14 de dezembro de 2024 devido à 'impossibilidade de interposição de novos recursos'.

A fraude
Documentos aos quais o g1 teve acesso revelam que o esquema fraudulento começou quando Ana Lucia ainda era menor de idade, em 25 de setembro de 1986. Ela foi registrada em um cartório de Campo Grande como sendo filha de Vicente Zarate e Natila Ruiz. Com a nova documentação, ela obteve, também, outra Carteira de Identidade, e outro Cadastro de Pessoa Física (CPF), nestes constando o sobrenome Zarate.

Com os novos documentos, Ana Lucia requereu habilitação como pensionista de Vicente Zarate na Seção do Serviço de Inativos e Pensionistas (SSIP 9) do Exército brasileiro. O pedido foi deferido, e a mulher passou a receber, ainda em 1988, pensão integral como filha de Segundo Sargento e seguiu até 2022 quando foi denunciada. O prejuízo causado totalizou R$3,7 milhões.

A Defensoria Pública da União (DPU) chegou a pedir absolvição de Ana Lucia, alegando “ausência de intenção”, já que o registro como filha do ex-combatente foi feito quando ela ainda era menor de idade, mas o STM negou. Depois disso a DPU entrou com um novo recurso, negado agora em última instância.

Além do comparecimento de Ana Lucia ao Exército, o ministro relator, Artur Vidigal de Oliveira, elencou outros cinco motivos que levaram ao entendimento de que houve crime de estelionato. Confira abaixo:

Ana Lucia mantinha em uso duas identidades e dois CPFs (com o nome antigo e com o nome fraudado). Ela somente utilizava o nome Ana Lucia Zarate para receber a pensão;
Mesmo orientada pelo marido para que interrompesse a pensão, ela deu continuidade ao esquema;
Ela confessou o esquema criminoso no interrogatório;
Não seria possível considerar que ela foi adotada por Vicente Zarate, já que não houve trâmite legal de adoção;

Abaixo, confira a cronologia do trâmite na Justiça:
➡️ Dezembro de 2021: De acordo com a ação penal, a avó de Ana Lucia, Conceição Galache, procurou a Polícia Civil e a Administração Militar para informar que a mulher não era filha de Vicente Zarate.

Conceição denunciou que a neta utilizava o nome de Ana Lucia Zarate apenas nas tratativas com a Administração Militar, mantendo o nome Ana Lucia Umbelina Galache para todos os demais atos da vida civil, inclusive para seu casamento, celebrado em 2 de março de 1990. Leia tudo AQUI

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