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segunda-feira, 31 de março de 2025

O que o tal do mané não percebeu que perdeu na esquina da comunicação global

Por Kleber Torres, é jornalista, escritor e Mané
Todos sabem, naturalmente, o que Luzia ganhou horta tanto no bom como no mau sentido. O ilustre presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luis Roberto Barroso conseguiu definir a perda justamente aos derrotados políticos no último pleito para presidente ao declarar com ironia, a um grupo de manifestantes de oposição, numa conturbada viagem aos Estados Unidos: “perdeu, Mané”. Via costadocacau.blog

Já a cabeleireira Débora Rodrigues Santos, que é baiana, se tornou celebridade por escrever, com batom, a mesma frase numa estátua em frente ao conjunto arquitetônico do STF, durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2022, o que lhe custou uma cana grossa e que poderá resultar numa pena de 14 anos de prisão, além do pagamento de uma multa de cerca de R$ 50 mil e de lambuja uma indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos, em conjunto com os demais condenados pela insurreição que resultaria num suposto golpe de estado e gerou danos materiais no Palácio do Planalto, na sede do Congresso Nacional e do STF. Ela foi beneficiada agora pelo ministro Alexandre Moraes, que lhe concedeu prisão domiciliar após pedido formalizado pela Procuradoria-Geral da República.

Mas o perdeu, Mané como metáfora tem uma dimensão mais ampla e se aplica também para uma crise maior provocada pelos avanços tecnológicos gerados pela tecnologia digital agravada pelo desenvolvimento da inteligência artificial, que implodiu o modelo de negócio das empresas de comunicação numa escala global. Hoje, por exemplo, a Meta, conglomerado empresarial que engloba o Facebook, Instagram, Whatsapp e Threads, esta última lançada como muma alternativba ao Twitter, fatura mais que todas as redes de televisão no mundo. E olhe que em 2023 a rede Globo – o maior império de comunicação do país – registrou um faturamento de mais de R$ 15 bilhões depois de implementar um profundo corte de gastos com demissões no jornalismo, dramaturgia e produção.

Em 2021, o então presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) Marcelo Rech afirmava que o jornalismo profissional seria a principal barreira para conter o avanço da desinformação e o autoritarismo. Ele previa quase escatologicamente, numa entrevista ao Estadão, o risco um “apocalipse informativo” caso os veículos de comunicação não consigam sobreviver à crise de receita pela qual passa o setor, que enfrenta a concorrência dos anúncios agora dirigidos à Meta, ao Google, Amazon, Apple e Amazon, gigantes da área de tecnologia.

Se as empresas de comunicação convencional, o que envolve televisões, sites, blogs, rádios, podcasts, revistas e jornais, estes dois últimos espécies em extinção, em função dos custos elevados e por não circularem em tempo real, o drama se reflete ainda mais para os 80 mil jornalistas brasileiros – o país forma por ano cerca de 14 mil profissionais – e trabalhadores profissionais da área de comunicação, os quais perdem empregos no atacado ou no varejo e ainda enfrentam o patrulhamento das disputas entre esquerda e direita, o que envolve a perda da credibilidade das informações, isso num pais cada vez mais polarizado, dividido entre ricos e pobres, além de outras partições em todos os gêneros, números e graus.

No particular, quando se admite a existência de uma imprensa profissional, o Mané da comunicação admite a sua perda indefectível e que se manifesta hoje com a existência de 10,5 milhões de presumiíveis influenciadores brasileiros somente no Instagram. Dados da Influency.me, empresa especializada no marketing de influência, são mais modestos e o Brasil acumularia hoje um exército de dois milhões de influenciadores digitais. A quantidade é 67% maior do que a registrada em março de 2024, que era de 1,2 milhões, revelando mesmo assim um crescimento exponencial.

Vale lembrar que enquanto os sindicatos de jornalistas lutam pela prevalência do diploma e buscam estratégias para sobrevivência dos profissionais no mercado formal e no segmento digital, o influenciador digital, também ocupa de forma crescente espaços nas assessorias de comunicação em prefeituras, câmaras municipais e empresas. Portando um simples i-phone com acesso à telefonia, internet, com whatsapp e outros apps de redes sociais, gerando fotos, filmes e textos, mesmo com o suporte do uso da inteligência artificial, o influenciador não concorre com um reles jornalista qualquer, mas com os herdeiros de Roberto Marinho ou ao global senhor Rupert Murdock, hoje com 94 anos, pois também se trata de uma empresa de comunicação muitas vezes sem registrou ou qualquer outra coisa e tal, eliminando coisas e circunstâncias da burocracia oficial mostrando que neste espaço não há lugar para amador.

Diante disto ficam duas lições: A primeira, de Eny, que decidiu fechar um dos maiores bordeis do Brasil ao perceber inconformada que com o grande número de moças que se deitavam com os namorados antes do casamento, pois enquanto “elas abrem as pernas e eu fecho as portas”, evidenciando que nao há mais espaços para profissionais do setor do grande meretrício. E olhe que antes dos primórdios do avanço tecnológico, Abelardo Chacrinha, um dos maiores comunicadores de todos os tempos já alertava que: “quem não se comunica, se trumbica” e ainda perguntava ao público que assistia seus programas no auditório: “vocês querem bacalhau?” Qual a sua escolha ? (Kleber Torres, é jornalista, escritor e Mané)

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