Diferente do que dizem os rumores, as barrinhas coloridas nas embalagens são parte do teste de impressão e não significam reprocessamento do leite
Há anos, circula pela internet o boato de que os quadrados coloridos na embalagem do leite indicam que o produto passou da validade, estragou e voltou para a fábrica, onde foi reprocessado e elementos químicos foram adicionados à sua composição para que ele pudesse voltar às prateleiras. Porém, essa história não passa de fake news: os quadrados coloridos presentes na parte de baixo de embalagens são apenas um teste de impressão, assim como os números ou pontos coloridos também encontrados em algumas caixinhas.
A primeira informação importante para combater esse mito é saber que o reprocessamento térmico do leite usado para consumo humano é proibido pelo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem (Riispoa).
Salvador Marino, diretor industrial das fábricas da Tetra Pak de Monte Mor (SP) e Ponta Grossa (PR) explica que “diferente do que as fakes news espalham pela internet, o reprocessamento do leite não acontece e é absolutamente proibido por lei! As barrinhas coloridas indicam, apenas, o teste de impressão das embalagens, algo muito comum na indústria gráfica e de embalagens, e que existe para garantir que a identidade visual do produto a ser envasado e a sua marca estejam de acordo com o esperado pelo nosso cliente, fabricante do alimento. A Tetra Pak, fabricante da embalagem, tem como premissa proteger os alimentos, as pessoas e o planeta e garantir que a caixinha longa vida tenha todos os atributos necessários para esta finalidade faz parte desse compromisso”.
Mas, afinal, para que servem as barras coloridas?
A presença dos quadrados coloridos nas embalagens cartonadas se explica pelo processo de produção das caixinhas. Tudo começa nas fábricas da Tetra Pak, em Monte Mor (SP) e Ponta Grossa (PR). Todos os detalhes na caixa ajudam a criar a identidade visual dos rótulos e produtos, por isso, é muito importante que cada particularidade esteja adequada.
Cada cor que pode ser vista na embalagem é produzida a partir de uma mistura de pigmentos e os quadrados indicam quais tintas, todas a base de água, já foram utilizadas. Dessa forma, os especialistas podem acompanhar o processo em tempo real e, caso essas marcações saiam do padrão esperado, é possível corrigir o erro rapidamente, evitando assim, desperdício de matéria-prima e tempo de produção. No mesmo papel, são impressas diversas fileiras de futuras embalagens e esses testes são feitos em fileiras alternadas – por isso nem todas as caixinhas apresentam o teste.
Depois, são adicionadas as camadas de polietileno e alumínio, que garantem a proteção dos alimentos. Então, as fileiras impressas são cortadas e separadas, formando as bobinas. Elas são colocadas em paletes e enviadas aos clientes da Tetra Pak para que eles possam usá-las para embalar seus produtos. Somente ao chegar às respectivas fábricas alimentícias é que os produtos – não apenas as caixinhas de leites apresentam esses testes, eles também são feitos em embalagens de bebidas lácteas achocolatas e leites condensados, por exemplo – são envasados. Ou seja, os quadrados coloridos já estão na embalagem mesmo antes de acondicionar seus respectivos alimentos.
Segundo estudo do IBGE em 2023, o Brasil é o 10º país que mais desperdiça alimento no mundo; cerca de 30% da comida aqui produzida é jogada fora – o que equivale a aproximadamente 46 milhões de toneladas no lixo. A disseminação de informações falsas contribui para o descarte prematuro dos alimentos: no mercado, por exemplo, ao manusear sem cuidado a caixas de leite para escolher aquelas que não possuem o teste de impressão, danificando a embalagem e colocando em risco o conteúdo, que está em perfeitas condições de consumo. Combater fakes news como essa, que envolve as barrinhas coloridas, é essencial e ajuda a criar um consumo mais saudável, consciente e livre de desperdícios.
Por que as caixinhas garantem a segurança do alimento – e, portanto, não há reprocessamento do leite?
As embalagens cartonadas possuem a seguinte composição: papel-cartão (75%), plástico (20%) e alumínio (5%). As camadas são responsáveis por proteger o alimento da luz, do oxigênio e da umidade. Essa tecnologia elimina a necessidade de adição de conservantes ao alimento, o que facilita a sua distribuição e armazenamento. Sem contar que as caixinhas são recicláveis e feitas com materiais de fontes renováveis. Ou seja, a embalagem tem a função de manter as propriedades do alimento, não de incentivar o uso de elementos químicos que alterem suas propriedades.
As soluções de processamento e envase da Tetra Pak combinam equipamentos que utilizam as tecnologias de tratamento térmico e envase asséptico (sem contato com o ar) à estrutura da embalagem. Isso garante a segurança do alimento em todas as etapas do processo de fabricação até o momento de consumo, sem a necessidade do uso de conservantes ou refrigeração.
O tratamento térmico consiste em submeter o produto ao aquecimento por um tempo curto, inativando os microrganismos indesejáveis por meio da ultrapasteurização – no caso do leite (140ºC/4s – resfriado a temperatura ambiente e envasado).
Enquanto o tratamento térmico elimina os microrganismos indesejáveis na bebida, o sistema de envase conectado ao de processamento impede a entrada de ar. O envase asséptico é feito de forma totalmente mecanizada, sem contato manual, em ambiente e embalagens totalmente estéreis.
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