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segunda-feira, 17 de março de 2025

A AMIZADE DE CÃES E GATOS, PELOS DONOS

 Por Humberto Pinho da Silva 
São frequentes os casos de amizade de cachorros, pelos donos, mas de gatos, como o " Principe Galfield", são raríssimos.

No mês de janeiro do presente ano, na cidade da Povoa do Varzim, faleceu o Senhor Bernardino Pereira. Seu gato ficou contristado e cheio de dor.

Dias depois, a Senhora Susana Vilar – funcionaria do cemitério, – deparou sobre a sepultura do Senhor Bernardino, bonito e gordo bichano, de cor amarela, dormitando.

Como o gato permanecesse sobre a campa, não mostrando intenção de sair, a Senhora Susana, enternecida, condoeu-se, dando-lhe de comer.

Soube a família do Senhor Bernardino, o que aconteceu e, resolveu deixá-lo ao cuidado da Senhora Susana, contribuindo nas despesas de alimentação.

Considero, este caso, inédito, por se tratar de um gato; já que são vulgares com cachorros, como a amizade do Argus, por Ulisses. Certa vez, este,teve que partir para a guerra Regressou após dez anos de aventuras, Vinha desfigurado, velho, irreconhecível, mas quando o Argus o viu, saltou de contentamento e, tal foi sua alegria, que morreu.

Também Adolfo Destroyes, conta, no semanário parisiense: " La Mosaique", em 1874, a história de " Moustaphá".

Uma noite o cachorrinho apareceu coberto de ferimentos e enlameado, a Roberto. Compadecido, lavou-o e tratou das feridas.

Durante anos foram alegres companheiros, até que " Moustaphá" foi atacado de horrorosa doença. Roberto resolveu afogá-lo no Havre, mas ao fazê-lo caiu-lhe o bonito boné grego, que trazia. Fez tentativas para o reaver, mas foram infrutíferas. Regressou taciturno, talvez corroído de remorsos.

Pela madrugada sentiu que mexiam na porta da rua. Levantou-se, sonolento. E o que viu? O “Moustaphá“, ensanguentado e enlameado, com o boné entre os dentes.

Atirou para o dono um olhar de amargura e dando um grito de aflição, morreu.

Agora um caso verídico:
Em 1850, faleceu o Senhor Gray. Após o funeral, desapareceu o Boby. Encontraram-no, mais tarde, no bar, onde o dono, ás quartas-feiras, tomava o pequeno almoço, na companhia do cão, dando-lhe sempre um bolo.

Os empregados ao ver o cachorro, tiveram compaixão e enternecidos deram-lhe o habitual bolo; estranhamente não o comeu, mas levou-o na boca.

Curiosos, os empregados, seguiram-no e, ficaram varados quando o viram dirigir-se para Greyfriare, e sentando-se na sepultura, onde estava o dono, comeu-o morosamente.

Embora fosse proibido aos animais permanecerem no cemitério, abriram exceção, ao dedicado animal. Boby morreu em 1872.

Foi erguido uma estátua, em Edimburgo, em sua memória.

Se o felino da Povoa vivesse em Inglaterra, talvez se levantasse um monumento, mas vive em Portugal, e não creio, que o Município, nem a população, pense em tal.

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