Balanço de queimaduras divulgado pela Secretaria da Saúde da Bahia é parcial do período de quinta-feira (20) até domingo (23)
Foto: Leonardo Rattes / Saúde GovBA
De quinta-feira (20) até domingo (23), foram registrados 35 casos de queimaduras relacionados aos fogos de artifício e fogueiras de São João. O número leva em consideração os atendimentos nas unidades hospitalares da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), que contam com leitos de referências para vítimas de acidentes que causam queimaduras. Deste total, 26 foram no Hospital Geral do Estado (HGE), oito no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus (HRSAJ) e um no Hospital Regional de Juazeiro (HRJ). Por iBahia
No HGE, 19 casos foram relacionados a explosões de bombas e sete a queimaduras diversas, como acidentes com fogos de artifício e fogueiras. Destes, 14 pacientes eram do interior e 12 da capital. No HRSAJ, os atendimentos foram por queimaduras causadas por pólvora, envolvendo três pacientes de Santo Antônio de Jesus, um de Muritiba, dois de Governador Mangabeira e dois de Cruz das Almas. Um paciente de Senhor do Bonfim foi encaminhado para o HRJ.
Tanto o HGE quanto o HRSAJ e o HRJ podem atender pacientes vítimas de acidentes que ocasionaram queimaduras. Além destas três unidades, o Hospital do Oeste, em Barreiras, também conta com leitos especializados.
Esquema especial para o São João
Todas as unidades estão com um esquema especial para o São João. Elas estão contando com reforços nos plantões para atender à demanda durante este período. Essa iniciativa faz parte das ações preparadas pela Sesab para a época junina, cujo investimento total é de R$ 4,5 milhões.
O diretor Geral de Gestão das Unidades Próprias, Michael do Carmo, aponta que o foco deve ser sempre na prevenção. “Ações educativas são essenciais para reduzirmos números de vítimas, por isso a Sesab sempre investe em iniciativas que visam informar a população sobre o assunto”, destaca.
O esquema especial da Sesab para o São João também contemplou a montagem de postos de atendimento de saúde no Parque de Exposições, no Pelourinho e em Paripe, locais em que estão ocorrendo festas promovidas pelo Governo do Estado. Estas unidades registraram, do dia 21 até o momento, 293 entradas. As principais causas foram cefaleia e intoxicação alcoólica. Apenas 13 pessoas necessitaram de transferência para outras unidades de saúde.
Atualmente, cerca de 80% do tratamento de queimaduras ocorridas no Brasil é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dependendo do caso, os pacientes são encaminhados pelas redes regionalizadas e prontos-socorros para atendimentos em diferentes níveis de complexidade. As queimaduras de grande extensão, químicas, elétricas, etc., por exemplo, geralmente são encaminhadas para os Centros de Tratamento de Queimados (CTQs).
No caso de qualquer queimadura, é essencial buscar o atendimento de saúde, mas, mesmo antes disso, alguns cuidados devem ser tomados. No entanto, ainda circulam muitas informações incorretas, além de hábitos culturais inadequados que variam de acordo com a região, sobre como tratar queimaduras. Em participação no programa Fala, Doutor, do Ministério da Saúde, o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno, explica qual é o protocolo adequado que as pessoas devem seguir ao sofrer ou socorrer alguém com queimaduras.
A receita é simples: logo após o acidente, a queimadura deve ser resfriada com água corrente em temperatura ambiente e protegida com um pano limpo para que não tenha nenhuma infecção. Depois disso, é essencial buscar o atendimento de saúde. Adorno alerta para o fato de que, além da água corrente, não se deve utilizar nenhum outro produto ou substância, sob o risco de causar danos ou piorar a queimadura: “Dependendo da região, as pessoas usam manteiga, borra de café, clara de ovo, água sanitária, produtos sujos e contaminados. Isso pode transformar uma queimadura superficial em uma lesão profunda”.
Queimaduras graves
No caso de queimaduras grandes, elétricas, causadas por incêndios ou que acometem grande parte do corpo, é importante chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros, nos telefones 192 e 193, respectivamente. “Se alguém estiver presenciando uma pessoa em chamas, deve fazer com que a pessoa pare, deite-se e role no chão, para interromper o fogo, e, em seguida, resfriar as queimaduras com água em temperatura ambiente e chamar a assistência pré-hospitalar para encaminhar esse paciente para o pronto-socorro”, explica Adorno.
É indicado lavar as queimaduras com água fria?
Não, o indicado é lavar a queimadura com água em temperatura ambiente e não utilizar água gelada ou gelo. “O objetivo da água é resfriar e interromper o processo de queimadura, para diminuir o dano. Com a reação inflamatória aguda típica das queimaduras, o paciente tem uma perda de sensibilidade. Se colocar gelo ou água gelada, pode aprofundar a queimadura sem perceber, pois o gelo também queima a pele quando fica em contato com o corpo durante muito tempo”, afirma Adorno.
Sinais e sintomas de infecção em queimaduras
Quando há infecções em queimaduras, a região fica mais avermelhada. “Não se trata da vermelhidão da queimadura, mas sim de uma vermelhidão de infecção na periferia, ou seja, na borda do ferimento. Secreções como pus, diferentes daquelas originadas da queimadura inicial, também são sintomas”, esclarece Adorno. Ele afirma também que infecções acontecem quando as queimaduras não recebem tratamento adequado.
Como lidar com as bolhas
Muitas vezes, as pessoas acreditam que a bolha apareceu porque a queimadura foi lavada com água, mas isso não é verdade: a bolha é uma reação natural em queimaduras de segundo grau, exclusivamente. Se houver formação de bolhas, o paciente deve procurar atendimento de saúde para manejá-las de forma adequada. “As pessoas não devem romper as bolhas de maneira descuidada ou com objetos contaminados, isso pode causar uma infecção”, alerta Adorno.
Risco de câncer
O tecido de pele queimado que não foi tratado adequadamente e no tempo correto e passou por uma cicatrização longa ao longo de anos pode sofrer malignização, em um fenômeno chamado Úlcera de Marjolin, quando o tecido queimado se transforma em um tumor de pele com bastante gravidade.
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