Adoção de estilo saudável pode reduzir as estatísticas do câncer, doença que acomete mais de 38 mil baianos a cada ano
Foto: Freepik
O Brasil deve registrar 704 mil casos novos de câncer em 2024, de acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Na Bahia, a estimativa do Instituto prevê 38.840 novos casos da doença neste ano, sendo que 8.980 novos casos são previstos em Salvador. Apesar de todos os avanços da medicina, a prevenção primária através da adoção de hábitos que podem reduzir os fatores de risco responsáveis pelo surgimento da doença ainda é um desafio. A prova disso é que o tabagismo e a alimentação inadequada são as duas principais causas evitáveis do câncer.
“Conscientizar a população sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis é o melhor caminho para reduzir a incidência do câncer e de muitas outras doenças, como as cardiovasculares, além de promover a qualidade de vida e o bem-estar”, ressalta a oncologista Clarissa Mathias, da Oncoclínicas na Bahia. “Ter um estilo de vida equilibrado, com alimentação balanceada, controle do peso, atividade física e sem cigarro faz a diferença”, acrescenta a médica.
A maior parte dos casos de câncer – em torno de 80% – é associada a fatores ambientais ou fatores externos, que envolvem meio ambiente (água, terra e ar), ambiente ocupacional e ambiente sociocultural e de consumo, que são o estilo de vida e os hábitos. Os outros fatores são considerados internos, como fatores hereditários, hormônios, mutações genéticas e imunidade. “Alguns fatores externos são evitáveis, como o cigarro, a alimentação industrializada, o consumo excessivo de álcool, a exposição ao sol sem proteção e o sedentarismo”, reforça Clarissa.
Além dos hábitos saudáveis, as consultas e os exames médicos de rotina são essenciais para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer. “O diagnóstico precoce de um câncer pode aumentar em mais de 90% a possibilidade de cura”, afirma.
A fumaça do cigarro reúne de quatro a nove mil substâncias tóxicas das quais pelo menos 70 são altamente carcinogênicas. Embora o cigarro seja o principal fator de risco para o câncer de pulmão, o tabagismo também pode ser responsável pelo aparecimento de cânceres na boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim e bexiga. De acordo com o estudo GLOBOCAN 2022, da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer vinculada a Organização Mundial de Saúde, o câncer de pulmão é o tipo de tumor de maior incidência e mortalidade no mundo. A Bahia deve registrar 1.360 novos casos de câncer de pulmão em 2024, segundo estimativa do INCA.
“O melhor é nunca experimentar o primeiro cigarro, não fumar é a melhor forma de prevenção do câncer de pulmão. Além disso, a população precisa ter acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos mais eficazes,” ressalta Clarissa Mathias.
A médica chama atenção para o crescimento do número de jovens brasileiros que usam o cigarro eletrônico. Um estudo do INCA aponta que o uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro.
“Esses dispositivos possuem muitos aromas e sabores que costumam atrair os mais jovens, mas não são inofensivos ao contrário do que muitos acham”, afirma Clarissa. “O vape é um caminho fácil para o cigarro tradicional, responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão”, adverte. “Inúmeros estudos mostram que esses dispositivos usam solventes, aditivos, substâncias químicas cancerígenas, algumas inclusive desconhecidas, e extremamente tóxicas”, destaca a especialista da Oncoclínicas na Bahia.
Alimentação contra o câncer
Apesar da obesidade sempre ter sido associada às doenças do coração, a gordura corporal também está associada a pelo menos doze tipos de câncer, como o câncer de mama, o de maior incidência entre as mulheres, o de próstata, tumor mais incidente entre os homens, e o colorretal, o terceiro mais frequente entre a população brasileira.
“É fundamental conscientizar a população sobre a importância da alimentação saudável. Cerca de 30% dos casos de câncer podem ser prevenidos com alimentação adequada, atividade física e peso saudável”, explica Clarissa Mathias. Dentre os tipos de tumor que estão associados a alimentação inadequada, também estão os de esôfago, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, colo de útero, ovário, rim, tireoide e mieloma múltiplo.
A alimentação ideal deve ser rica em fibras e priorizar alimentos in natura ou integrais e minimamente processados, como verduras, legumes, frutas, cereais integrais, grãos e leguminosas. Alimentos com conservantes e industrializados, carnes vermelhas, frituras e carnes processadas devem ser limitados.
“O excesso de peso provoca um processo de inflamação crônica que, por sua vez, eleva a produção de hormônios que podem danificar as células saudáveis e desencadear o surgimento de tumores malignos”, finaliza a médica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo excessivo de carnes vermelhas, gorduras, embutidos, processados e refinados aumenta o risco de câncer do intestino.
Confira alguns hábitos que ajudam a reduzir o risco de desenvolvimento da doença:
– Não fumar
– Manter-se no peso adequado
– Usar protetor solar
– Evitar o consumo de alimentos processados
– Limitar o consumo de carne vermelha
– Fazer atividade física regularmente
– Ter uma alimentação saudável e rica em alimentos “in natura”, como frutas, verduras, legumes e grãos.
– Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
– Praticar o sexo seguro
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