As nanopartículas descobertas pelo Butantan, curam seis tipos de candidíase. Elas são originárias de Manguezais e da Caatinga
Foto: Pixabay
Pesquisadores do Instituto Butantan, desenvolveram nanopartículas de prata (AgNP) biogênicas que evitam o crescimento de fungos do gênero Candida, responsáveis por infecções moderadas e graves em humanos, como a Candidíase. Por Monique de Carvalho/ SNB
Segundo estudo publicado na revista Antibiotics, essas nanopartículas também evitam a proliferação de fungos responsáveis por danos às plantações de cana-de-açúcar, arroz, feijão e milho, entre outras culturas, servindo como um fungicida alternativo.
“Exploramos a ação antimicrobiana das nanopartículas e vimos que elas têm ação importante no combate a fungos do gênero Candida sp que causam sérios problemas, incluindo as infecções hospitalares, e em alguns fungos que são prejudiciais à produção de grãos”, explica a pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) do Instituto Butantan, Ana Olívia de Souza.
Tratamento mais eficiente
De acordo com Ana, que também é lider do estudo, as nanopartículas desenvolvidas pelo Butantan apresentaram atividade antifúngica contra seis espécies do fungo Candida sp de importância clínica.
Para a pesquisadora, essa descoberta representa o primeiro passo para um tratamento mais eficiente contra a Candida albicans, Candida krusei, Candida glabrata, Candida parapsilosis, Candida tropicalis e Candida guilliermondii.
Hoje, a infecção da candidíase é tratada apenas com pomadas e cremes íntimos, além da higiene intensificada. Em casos mais graves da doença, o paciente também pode precisar de uso de medicamentos.
Mais proteção para as plantas
O estudo descreve também a atividade antifúngica das AgNPs em seis espécies de fungos do gênero Fusarium, como o Fusarium oxysporum, Fusarium phaseoli, Fusarium sacchari, Fusarium subglutinans e Fusarium verticillioides.
Também age no fungo Curvularia lunata, todos patógenos comuns em plantas e cereais.
“O uso destes nanomateriais na agricultura pode ser uma alternativa aos fungicidas atualmente em uso, cuja utilização sistemática vem causando resistência dos fungos, causando mais dificuldade no controle das pragas, além de um grande impacto na agricultura e na economia”, destacou a pesquisadora.
Foi na Caatinga brasileira que os pesquisadores descobriram as nanopartículas. Elas foram obtidas utilizando espécies de fungos isoladas de plantas também de Manguezai.
Essas nanopartículas mostraram estabilidade por longo período em temperatura ambiente, além do efeito antimicrobiano.
Em outro estudo publicado na revista Environmental Science Nano, o grupo mostrou a ausência de toxicidade de baixas dosagens das nanopartículas em organismos aquáticos, como zebrafish e camarão, que são indicadores da condição ambiental.
A candidíase
A candidíase provoca infecções orais, vaginais, de pele e sistêmica, sendo a originada por Candida albicans a mais comum.
Consideradas um problema de saúde pública mundial, as infecções fúngicas acometem mais de 300 milhões de pessoas todos os anos, resultando em mais de 1 milhão de mortes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário