Na versão do autor dos disparos, a aluna Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, foi morta “acidentalmente”
Foto: Reprodução/TV Globo
Vídeos do ataque a tiros que matou uma aluna e feriu outras duas estudantes nessa segunda-feira (23), na Escola Estadual Sapopemba, zona leste de São Paulo, colocam em xeque a versão apresentada à polícia pelo adolescente de 16 anos que cometeu o atentado. Ele foi apreendido e levado para a Fundação Casa.
Conforme o Metrópoles, o estudante disse que os alvos do ataque seriam “dois meninos que faziam bullying contra ele”, pelo fato de ele ser homossexual. Ainda na versão do autor dos disparos, a aluna Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, foi morta “acidentalmente”.
“Ele me confessou que a menina foi acertada acidentalmente, que o tiro não era para a menina que faleceu. Ele não tinha nada contra essa menina. Ao contrário, ela nunca fez nada contra ele”, disse o advogado do estudante, Antonio Edio.
Ainda segundo o profissional, “na hora que o autor foi efetuar o disparo de arma de fogo contra os dois meninos”, que seriam os autores do bullying, “ela (Giovanna) achou que a arma era de brinquedo e acabou entrando na frente”.
Contudo, imagens de uma câmera de segurança da escola que flagrou o exato momento em que o autor do atentado atira em Giovanna desmentem essa versão. No vídeo, o adolescente chega por trás da vítima, que caminha na direção de uma escadaria. A menos de um metro de distância, ele atira na nuca da garota, à queima-roupa, quando ela descia o primeiro degrau. No instante do disparo, não havia mais ninguém na frente do atirador.
Questionado mais de uma vez por jornalistas sobre o tiro na aluna assassinada, o advogado do adolescente apreendido insistiu: “A jovem, segundo ele falou, foi uma fatalidade. Não era para ela esse disparo de arma de fogo, mas, sim, para esses dois jovens”.
Outro vídeo, que mostra a ação do atirador dentro de uma sala de aula, também coloca em xeque a versão da defesa. Nele, o autor do atentado aparece entrando no ambiente cheio de estudantes com o revólver em punho e apontando a arma na direção de meninas.
Além de Giovanna, que morreu na hora, duas alunas de 15 anos foram atingidas pelos disparos — uma na clavícula direita e outra na região do abdômen. Uma delas já teve alta nessa segunda-feira, e a outra não corre riscos, mas aguardava exames para avaliar a necessidade de cirurgia.
Até mesmo em relação às duas vítimas baleadas, o relato da defesa do atirador não se sustenta. Aos jornalistas o advogado Antonio Edio afirmou que, segundo o adolescente, “dois dos jovens alvejados eram os que mais praticavam bullying contra ele”.
À polícia o atirador de 16 anos disse que agiu sozinho e que os alvos foram aleatórios. O Metrópoles apurou que ao ser confrontado com o fato de que uma das vítimas era uma aluna com quem ele havia brigado meses antes, como mostra um vídeo que circulou entre os estudantes, o adolescente riu.
Segundo a investigação, o jovem pegou o revólver calibre 38 e quatro munições escondido da casa do pai, durante o fim de semana, para cometer o atentado na segunda-feira. Após a ação, ele foi contido pela coordenadora pedagógica da escola até a chegada dos policiais militares. De acordo com o advogado, ele se diz “totalmente arrependido” do crime, “principalmente em relação ao disparo que ele acertou na moça (Giovanna)”.
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