Representante da categoria afirma que estratégia de Lira ‘desgasta’ o governo junto aos servidores e ‘cria atrito para o governo no Legislativo’
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Após concentrar poder durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) por meio do orçamento secreto, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), agora tenta emparedar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Thiago Duarte Gonçalves, coordenador do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), Lira tem usado a pauta da reforma administrativa para desgastar a relação de Lula com os servidores federais, tornando o governo mais vulnerável em negociações políticas no Congresso.
De acordo com a coluna Painel, na Folha de S. Paulo, o Fonasefe tem se mobilizado contra a Proposta de Emenda à Constituição PEC) 32/2020, elaborada na gestão Bolsonaro (PL), que agora Lira ameaça levar a votação em plenário.
“O Lira sabe que o governo não tem maioria no Congresso, mas também sabe que a gestão petista é contra a PEC 32 e se mobilizou contra ela nos últimos anos. Então ele faz esse movimento que desgasta o governo Lula junto aos servidores caso faça qualquer aceno pela aprovação da reforma administrativa, mas que também cria atrito para o governo no Legislativo em caso de total oposição à PEC”, avaliou Gonçalves.
Conforme a coluna, parlamentares da base de Lula estão de acordo com a leitura do coordenador da Fonasefe. Eles dizem que enquanto nos bastidores Arthur Lira não tem articulado junto aos aliados para a votação da PEC, publicamente ele dá destaque ao tema. Na avaliação dos governista, fica explícito que o movimento se trata mais de estratégia política do que de empenho real para aprovar a proposta.
À Painel, Thiago Duarte Gonçalves afirma que a categoria percebeu a estratégia de Lira, mas que também teme que se repita o processo ocorrido na ocasião da reforma da Previdência, em 2003, quando Lula brigou para aprovar o projeto e gerou tensão com os servidores e até com parte do PT, que rachou e resultou no Psol. “Os servidores públicos estão em processo de disputa. Se o governo recuar e for visto como traidor, isso vai gerar um desgaste muito grande”, avalia.
O governo, por sua vez, tem dito que não quer tratar da matéria por meio de uma PEC e tampouco quer fazer alterações na estabilidade dos funcionários públicos, que é alvo da PEC. A gestão petista afirma que pretende enviar projetos de lei para combater os supersalários e alterar regras de concursos públicos.
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