Por Humberto Pinho da Silva
Desde que me conheço simpatizo com o regime socialista. Estava convicto, que era a forma ideal de governar, para bem do povo.
Diziam-me: o regime cooperativo, olha para grupos, para profissões, não para o individuo.
Acreditei plenamente no que me diziam. Como era simples e ingénuo!...
Veio a Revolução de Abril, pulei de alegria, embora soubesse que nenhuma revolução muda mentalidades.
Potugal - principalmente após acessão à UE, - progrediu de forma notável, mas o povo?
Passou quase meio século, que visitei o Brasil, pela primeira vez. Vi muita miséria nas favelas, mas também muito luxo: centros comerciais magníficos, obras faraónicas, abundância sem fim.
Admirei-me como País de gente pobre podia manter tanta riqueza. Responderam-me: basta dois milhões viverem na abundância, para desenvolverem a nação.
Finalmente chegou a Revolução de Abril e a liberdade. Caminhávamos, então e bem, para o socialismo democrático. Os alfaiates, na ocasião, não tiveram mãos a medir, para virarem casacas.
Com ela chegaram também promessas, como chuva de Inverno; decorrido quase meio século, o que vemos? O que vi no Brasil:
Muita obra - com auxilio da EU, - salários de gestores a subirem...mas a pobreza continuou.
A classe média baixa e media quase desapareceu. As reformas mal acompanham o nível de vida e os idosos engrossam o numero da pobreza. Os jovens continuam a buscar no estrangeiro, o que não encontram na Pátria.
Quem aforra ou aferrou, vê o dinheiro, das suas economias a mingar, e até para se levantar o dinheiro ao balcão, têm que se pagar!
Parece que os bancos fazem o favor em guardar o que é nosso!
Amigos, que conheci, ferrenhos salazaristas, agora censuram-me por não ser de esquerda... como sempre fui. Como se não os conhecesse: o que eram e o que são.
Estou velho, muito velho e amargurado. Morrerei, todavia, na certeza: as revoluções só mudam regimes e vira-casacas, mas não mentalidades.
Esta crónica é triste desabafo de quem muito viveu e já não acredita em nada nem na democracia, que tanto amava e muito menos nos homens.
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