por Jade Coelho
Foto: Bahia Notícias
No mês de novembro, em que é celebrado o Dia Internacional do Homem, diversas campanhas chamam a atenção para a saúde desse público. Principalmente porque historicamente eles vão menos ao médico e cuidam menos da saúde. De forma inversamente proporcional, eles são maioria entre as 20 milhões de pessoas que apresentam alguma dimensão de perda do controle sobre o uso do álcool. Dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) apontam que 17,1% dos homens brasileiros sofrem com dependência alcoólica. Entre as mulheres, o número é de 5,7%. E especialistas chamam a atenção: o alcoolismo é um problema de saúde pública.
O psicólogo Ciro Arão explica que há toda uma questão histórica e social em relação aos efeitos do álcool e a composição dos organismos para a situação de dependência. Ele sugere que se pense nessa droga como um triângulo cujas pontas são o contexto sócio-histórico, a pessoa e sua singularidade. “É científico também que a gente tem que se basear pelo menos num triângulo: além da característica física da pessoa, mas também a própria substância e, mais um pouco adiante, entender que tem fatores sociais”, ponderou Ciro.
Também estão relacionadas ao contexto social e histórico as dificuldades de certas pessoas que sofrem com a dependência de reconhecerem que, de fato, enfrentam um problema de saúde. Dentro disso, o especialista chama atenção para ao fato de o álcool ser “uma droga aceitável”, e que ainda é incentivada com todo um aparato de mercado e cultural. “Tem música, literatura, há um elogio ao álcool”, comentou.
Além disso, ele destaca que a substância produz um encontro com um grande apreço por si próprio, sendo assim, se torna mais difícil a pessoa querer ou poder aceitar que está com algum problema.
“A substância, dentro das suas características fisiológicas, desinibe um pouco todos aqueles freiozinhos que a gente tem. Então quando uma pessoa bebe e fica mais valente, se sente mais atraente, eloquente, e é lógico que a tendência é querer preservar esse hábito e correndo risco assim de desenvolver uma dependência”, explicou o psicólogo.
O especialista sinaliza ainda que o consumo abusivo de álcool vai dando sinais mais claros ao passo que a gravidade dos sintomas se apresenta. Entre as características do problema está a dificuldade em admitir o estado de adoecimento e de pedir ajuda. E neste ponto entra a questão classificada por Ciro como “o grande nó”, que é como ajudar a pessoa que não quer ser ajudada.
O psicólogo pondera que os tratamentos que envolvem participação do adoecido tendem a ser muito mais eficientes do que aqueles em que o tratamento é feito “sob procuração”, quando parte de algum membro da família ou pessoa próxima. Ele ainda ressalta que os cuidados não devem se resumir ao dependente, mas também a quem está em volta.
Uma sugestão feita por Ciro é de se uma pessoa se sentir incomodada com alguém próximo abusando do álcool, procurar um psicoterapeuta. “Cuida dessa questão, como você foi parar numa relação como essa? Até para poder olhar com mais entendimento e quem sabe até provocar estímulo nessa pessoa a se cuidar ou mesmo tomar outro tipo de atitude que vai surgir no pensamento de ser a mais correta a ser tomada”, justificou.
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