por Mari Leal / BN
Foto: Leopoldo Silva/ Agência Senado
![](https://www.bahianoticias.com.br/fotos/principal_noticias/262996/IMAGEM_NOTICIA_5.jpg?checksum=1634769270)
Apresentado nesta quinta-feira (20), o relatório final, de mais de mil páginas, aponta o indiciamento de 68 pessoas físicas e empresas, entre elas o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Único baiano titular no colegiado, e que se destacou em diversos momentos, o senador Otto Alencar (PSD) avalia que o documento, o qual será votado na próxima terça-feira (26), tem robustez e consistência e foi essencial para provocar mudança de comportamento do governo federal na aquisição de vacinas, por exemplo.
Após a votação na comissão, as sugestões de indiciamento serão encaminhadas aos órgãos competentes, dentre os quais estão os ministérios públicos estaduais, Polícia Federal e Procuradoria-Geral da União. O senador não vê possibilidade de os esforços empreendidos nos últimos meses ficarem sem resultado efetivo, pois o principal resultado já pode ser observado, neste caso, impor ao governo federal mudança de postura, sobretudo em relação a aquisição de vacinas e avanço da imunização.
“O resultado já teve. Não fosse a CPI, não tinha vacina no braço. O governo federal só foi comprar vacina quando nós iniciamos a CPI, quando conseguimos as assinaturas, no início de março. Ele [Bolsonaro] negou o tempo todo [a vacina], pediu ao Pazuello para não comprar e o Pazuello disse aquela frase: ‘Um manda e outro obedece’”, destaca Otto.
O presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o relatório, é denunciado por diversos tipos criminais, a exemplo de crime de responsabilidade, prevaricação, estímulo a pandemia, fake news, ocultação de informações, omissão na compra de vacinas e falsidade ideológica. Apesar do lista extensa, Otto não acredita na possibilidade de o texto reacender na pauta do impeachment na Câmara dos Deputados. A avaliação do senador está baseada na aliança existente entre Bolsonaro e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
De acordo com Otto, o trabalho realizado pelos senadores foi “intenso e muito difícil” no início. “Enfrentamos a estrutura do governo que a todo momento tentou impedir o andamento e as informações. Alguns momentos pedimos informações ao Ministério da Saúde e nunca mandou. Veio mandar hoje. Eles ocultaram informações, dificultaram repasse de informações. Isso nos deixou no início com muita dificuldade, depois começamos a engrenar, fomos identificando os crimes todos contra a vida das pessoas”, relembra.
A participação do senador baiano na CPI da Covid-19 ganhou notoriedade em diversos momentos, gerando consequências políticas positivas para 2022. Presidente estadual do PSD, um dos mais importantes partidos da base de sustentação do governo Rui Costa (PT), o ganho de visibilidade no colegiado deve fortalecer sua recondução ao Senado.
Em maio, ânimos se acirraram entre os senadores Otto Alencar e Eduardo Girão (Podemos-CE), defensor do governo Bolsonaro. Eles trocaram acusações e ofensas. Os xingamentos trocados entre eles passaram por “mentiroso” e “charlatão”.
A discussão começou quando Otto fez uma correção sobre dados da vacinação apresentados pelo senador Girão durante uma pergunta feita ao ex-ministro Ernesto Araújo, em que sugeriu que o Brasil estaria entre os países com mais vacinados no mundo. Otto, por sua vez, rebateu o colega e apresentou o dado de que 47% dos idosos do Brasil ainda não tinham tomado a 2ª dose da vacina contra a Covid-19 e que, ao considerar as pessoas com esquema vacinal completo (com duas doses), o país somava menos de 10% da população (reveja).
Dois dias após, já com o ministro Eduardo Pazuello, Otto disparou “não sabe nada” e “não deveria ser ministro”. Durante a passagem do então ministro pela CPI, o senador baiano fez perguntas técnicas sobre o coronavírus, as quais o ministro teve dificuldade em responder (reveja).
Em outro momento, já no mês de junho, a imagem de Otto foi projetada a partir da passagem da médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz no tratamento da Covid-19. O senador questionou a médica sobre termos técnicos, bem como o relatório apresentado por ela (reveja).
Nenhum comentário:
Postar um comentário