Nathalia Passarinho - @npassarinho - Da BBC News Brasil em Londres
A menina caminha nas ruas de terra para comprar alimentos na venda perto de casa. De repente, ouve o barulho ensurdecedor de uma explosão. Poeira branca sobe, cobre totalmente a visão. Tudo parece suspenso no ar até que gritos lacerantes interrompem o silêncio. Aos poucos, os olhos voltam a enxergar o chão, agora tingido de vermelho. A menina se vê rodeada de sangue que não é dela.
Mais de uma vez, Nabila Khazizadah esteve diante dessa cena.
"Muitas pessoas morreram na minha frente. Eu saía para a rua para comprar alguma coisa e não sabia se iria voltar. Caía bomba, levantava fumaça, ficava tudo branco e, de repente, era sangue para todo o lado."
Foi para evitar que um dia o sangue no chão fosse dela que Nabila e a família buscaram refúgio na Índia e, depois, no Brasil.
"O Afeganistão sempre esteve em guerra, desde que eu nasci foi assim, bombas e medo. Até que os talebãs tomaram a nossa casa e perdemos tudo", contou à BBC News Brasil.
Nabila, o pai, a mãe e o irmão se mudaram para a Índia depois de perderem a casa para o Talebã. No novo país, chegaram a dormir nas ruas e passar fome, enquanto o pai tentava manter a família vendendo chinelos entre carros e transeuntes.
Nabila (à esquerda), a mãe (direita), o pai e o irmão moraram por um tempo na Índia. Ela se casou e foi com o marido para o Brasil em 2002
Alguns anos depois, o pai de Nabila a casou com um afegão, também refugiado na Índia, e o casal teve dois filhos. "Meu marido decidiu pedir ao governo indiano para sermos reassentados em outro país que desse auxílio e tivesse mais oportunidades de trabalho". Mais em https://br.noticias.yahoo.com
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