Foto: Reprodução / G1
Aurélio Maia, de 26 anos de idade, foi aprovado em duas faculdades públicas do Ceará enquanto cumpria pena de prisão. O jovem passou ao regime domiciliar em junho deste ano, após ser aprovado no curso de licenciatura em ciências sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC); e posteriormente, na licenciatura em física do Instituto Federal do Ceará (IFCE). As informações são do portal G1.
“Costumo sempre citar o nome de um grande pedagogo: Paulo Freire. Ele disse que ‘estudar é um ato revolucionário’. Estudar é a maior arma que se tem contra o sistema. A minha maior alternativa para a minha liberdade, para que eu pudesse me reinserir na sociedade, foi estudar. Então, é um conselho que eu deixo: estudar é a melhor saída. Estudar, além de revolucionário, é libertador”, diz Aurélio.
Aurélio foi condenado em 2017 a uma pena de 17 anos e oito meses pelo crime de roubo, previsto no artigo 157 do Código Penal, mas nos quatro anos que passou detido encontrou na educação um caminho para a liberdade.
As notas do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) de 2020 permitiram a entrada na universidade. Depois de ser aprovado na UFC, ele teve de optar por física por causa de uma oferta de emprego. Ele vai começar o curso no IFCE no próximo semestre.
“Agora estou cursando ciências sociais pela manhã, mas por conta de uma oferta de emprego da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso, eu tive a necessidade de fazer uma graduação à noite, que foi quando veio a aprovação em física no IFCE. Por eu ter interesse em trabalhar durante o dia, eu me inscrevi para o processo seletivo do segundo semestre”, explicou o universitário.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Aurélio passou por uma seleção na Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso da pasta e foi selecionado para uma vaga de auxiliar administrativo, sendo encaminhado um pedido ao fórum para a efetivação da contratação.
“Eu pretendo me manter no curso de física por ser uma das disciplinas que eu tinha afinidade e aptidão durante o ensino médio e também por me possibilitar uma forma de gerar minha renda”, disse o Aurélio.
O jovem comemora a oportunidade de seguir um novo caminho, sem esquecer as lições dos momentos difíceis antes das aprovações. Aurélio revela, inclusive, que foram os familiares dele que realizaram a matrícula no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), pois ele ainda estava recluso.
“A minha maior motivação era minha liberdade em si. Eu fiquei sabendo que havia uma alternativa para que eu conseguisse um benefício de estar no regime semiaberto caso eu conseguisse aprovação em uma universidade”, destacou.
“Foi bastante sofrido também pelo ambiente em si, a superlotação, a falta de iluminação e algumas outras dificuldades que a gente tem de superar”, finalizou o universitário.
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