por Fernando Duarte**Imagem ilustrativa | Foto: Reprodução/ A Cidade ON
“Nunca antes na história desse país”. A frase anedótica é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas caberia a todo e qualquer candidato a prefeito do país. Não que os vereadores não façam propagandas megalomaníacas. Os sensatos, pelo menos, entendem que o papel de edil é muito mais limitado do que a gestão de uma prefeitura. Por isso, até o dia 14 de novembro, véspera do primeiro turno, choverão afirmações exageradas, exaltações excessivas e também muitas ideias fora da casinha por parte dos postulantes a prefeito.
Acontece em grandes centros, como Salvador, e também no interior do estado. “A maior carreata que já se viu”. Como no submundo da internet aparece de um tudo, gostei bastante da versão de um candidato a vereador desconhecido. Ele enfileirou carrinhos de brinquedo e ficou satisfeito com o resultado. Talvez tenha sido o mais sincero. Os candidatos parecem organizadores de manifestações políticas. Basta lembrar que no passado recente, quando ainda era permitido aglomerar, a diferença entre os dígitos de manifestantes dependia apenas de quem avaliava. Os organizadores inflacionavam para mais. Os adversários para bem menos. Tais quais aqueles que querem mostrar algum tipo de grandeza desde a campanha.
Lembro quando pequeno que todo candidato a prefeito prometia que o futuro da minha cidade, Valença, seria excepcional. Desde o meu primeiro voto, há quase 20 anos, o pobre do município não parece ter conseguido acertar com nenhum gestor - e olha que dado o histórico das eleições, terminar um mandato por lá se tornou um desafio à parte na disputa. Se tudo o que foi prometido quando era criança se tornasse realidade, os valencianos teriam muito a comemorar. Não vejo ninguém bradar esse orgulho todo nas ruas.
Salvador e Valença são apenas dois exemplos que consigo pinçar pelas minhas próprias experiências de vida. É certo que nem todos os prefeitos foram péssimos. Alguns fizeram até boas gestões, como a própria população costuma avaliar, caso de ACM Neto na capital baiana. O que não quer dizer que, em algum momento, não tenha havido certo exagero “despretensioso” durante uma corrida eleitoral. Faz parte. O difícil é criar um filtro que permita identificar o que é realidade e o que é fantasia numa campanha.
A mania de grandeza é natural em candidatos. Se eles não tiverem autoestima, quem vai convencer um eleitor a depositar um voto nas urnas? Cabe a nós, espectadores do processo, separarmos o que é meramente promessa e o que pode se tornar um projeto factível. Como existem pessoas que acreditam em contos de fada, não dá para esperar que todo mundo consiga enxergar o que é joio e o que é trigo.
Este texto integra o comentário desta terça-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.
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