O ataque ao deputado estadual e coordenador da Associação de Praças da Polícia Militar (ASPRA), Marco Prisco, pode ter sido uma armação. A tese é sustentada por um perito criminal ouvido pela reportagem do Aratu On, que analisou vídeos e fotografias feitos momentos depois do suposto atentado, que aconteceu no bairro da Saúde, Centro de Salvador, na madrugada da última quarta-feira (16/10).
O profissional, assim como todos os peritos criminais, é ligado à Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). O técnico analisou as provas a pedido da reportagem e não pode ter seu nome divulgado.
A primeira teoria é a de que disparos tenham sido feitos da parte interna do automóvel, modelo Ka, onde dois seguranças do parlamentar e líder da ASPRA estavam. “Quando existe impacto, o projétil carrega com ele uma energia e uma série de elementos para a direção em que ele está partindo. Isso quer dizer que, se saiu de dentro para fora, ele marca. As fraturas constatadas estavam para fora”.
Essas saídas poderiam indicar, por exemplo, uma troca de tiros. O Aratu On, porém, teve acesso ao depoimento preliminar dos policiais que teriam sido baleados na ação. Ouvidos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), eles negam que tenha havido um confronto.
Outra tese constatada pela fonte da reportagem, após análises criteriosas das imagens, é que os tiros podem ter sido disparados da parte traseira do carro, com as portas abertas. “É o Departamento de Polícia Técnica que vai indicar se houve pólvora na parte interna do veículo. Caso não haja, indico também que os disparos foram feitos com as portas abertas, sem ninguém dentro”, destaca.
Em um vídeo divulgado pela própria ASPRA nas redes sociais momentos depois do suposto ataque – que foi seguido de um acidente, já que o carro bateu em um objeto fixo -, uma das vítimas está sentada no banco do Ford Ka. “A postura dele não é de uma pessoa acidentada e isso fica muito claro na filmagem. É um outro indicativo de armação”, garante o profissional.
Pouco mais de quatro horas depois do ataque a Prisco e seus seguranças, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e o Ministério Público da Bahia (MP-BA) deflagraram uma megaoperação contra a Associação de Praças da PM. Apreensões foram feitas na sede, onde o tiroteio teria acontecido horas antes, e em outras cidades baianas. Celulares, computadores e dinheiro foram apreendidos.
Para o perito, a suposta armação foi uma “saída honrosa” para a situação – já que o deputado poderia ter obtido informações de que a operação estava acontecendo -. No WhatsApp foram disseminados diversos áudios de Prisco e seus seguidores pedindo ajuda.
Procurada pelo Aratu On, a SSP da Bahia confirmou que as investigações sobre a possível tentativa de assassinato estão avançadas e que a hipótese levantada pela reportagem também é uma das linhas que compõem a investigação. A pasta confirma, ainda, que os policiais militares feridos na ocorrência – e que já receberam alta – prestaram depoimentos. Isso, porém, ainda não foi divulgado oficialmente. *Aratu On
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