Para evitar danos à audição, um adulto deve ficar pelo menos a 20 metros da explosão dos fogos, enquanto as crianças devem ser mantidas a uma distância de 50 a 60 metros
Junho é o mês de aproveitar as tradicionais festas de São João, Santo Antônio e São Pedro. Quem não gosta? Em meio a guloseimas irresistíveis, outra tradição se destaca: os fogos de artifício e os rojões, que dão um colorido ao festejo. Mas embora lindos no céu, o barulho desses artefatos causa incômodos e traz sérios riscos à audição, especialmente dos bebês e crianças pequenas.
É que o som forte produzido durante a queima dos fogos pode causar danos irreparáveis ao sistema auditivo, como perda de audição severa, uni ou bilateral, temporária ou – nos casos mais graves – definitiva e irreversível. O principal sintoma de que algo está errado é o aparecimento imediato de um zumbido. Já as crianças podem manifestar, no choro, o que estão sentido. O pior é que na maioria das vezes os pais não se dão conta do estrago que os fogos podem ter acarretado ao sistema auditivo de seus filhos.
"Nesta época de festas juninas há muitos casos de perda de audição unilateral, em apenas um dos ouvidos. O maior problema é a intensidade de som dos fogos em um curto espaço de tempo. O prejuízo é imediato, se estivermos muito perto. O sintoma mais recorrente é o zumbido, transtorno que atinge milhões de pessoas no mundo. Se depois do estampido dos fogos houver zumbido ou sensação de ouvido tampado é preciso procurar logo um médico otorrinolaringologista para avaliar a extensão e gravidade do dano auditivo", explica a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
Por isso é tão importante manter as crianças longe dos fogos, uma vez que o ruído – principalmente dos rojões – pode atingir mais de 120 decibéis, mesmo a uma distância superior a três metros de onde o artefato está sendo aceso. O limite seguro de exposição aos sons é de 85 decibéis, de acordo com os especialistas.
"A imaturidade auditiva dos primeiros 18 meses de idade pode fazer com que haja lesão na cóclea – órgão localizado na orelha interna – se a criança for exposta a sons muito altos ou passar muito tempo em ambiente barulhento. Essa lesão pode passar despercebida no momento da festa. No entanto, pode dar início a um processo de perda de audição, uma vez que as células auditivas, quando morrem, não são repostas pelo organismo", explica Vidal, que é especialista em audiologia.
A fonoaudióloga lembra também que na empolgação da festa é comum os pais ficarem com bebês e crianças pequenas no meio do barulho. É preciso ficar atento aos sinais. "Irritação e choro são os principais sintomas de que o bebê não está confortável. Deve-se então procurar locais mais tranquilos e manter a voz sempre em baixo volume, para que o bebê fique calmo, estimulando assim a plasticidade do nervo auditivo, que é importante nos primeiros meses de vida", explica a fonoaudióloga da Telex.
Recomendações:
Para diminuir o risco de perda auditiva como resultado do intenso ruído, a fonoaudióloga Marcella Vidal recomenda algumas precauções:
- Distância da fonte do som. Quanto mais distante você estiver da explosão dos fogos de artifícios, mais você e sua família estarão protegidas. Se um adulto está vendo uma explosão sucessiva de fogos, cujo ruído atinge 170 decibéis, por exemplo, precisa ficar a uma distância de 20 metros, enquanto que para as crianças, a distância segura é de 50 a 60 metros;
- Uso de protetores auriculares durante a explosão dos fogos. Se estiver acompanhando um show pirotécnico, é indispensável colocar protetores nos ouvidos;
- O ideal é não levar bebês e crianças a locais de queima de fogos e festas barulhentas; porém, se for inevitável, ficar o mais afastado possível do ruído.
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