Foto: Gilberto Abelha / Jornal de Londrina
Diferente das campanhas dos governos anteriores, o atual ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, defende que universidade não é para todos. Para ele, esse projeto de universalização do acesso ao ensino superior não existe em nenhum país.
"Ela [a universidade] representa uma elite intelectual, para a qual nem todo mundo está preparado ou para a qual nem todo mundo tem disposição ou capacidade. Universidade não é elite econômica nem elite sociológica. Nos governos militares, deu-se muita ênfase às universidades. Criaram-se as grandes universidades, que receberam muita verba do governo, desenvolveram-se. E a preparação de professores para o ensino básico e fundamental ficou em segundo plano. Foi um erro", defende em entrevista à revista Veja.
Dito isso, ele confirmou à publicação que cobrar mensalidade dos alunos nas universidades públicas é uma alternativa. Vélez conta que aprecia o regime vigente na Colômbia, seu país de origem. De acordo com o próprio, por lá, o valor é pago de acordo com a renda. "Se você é rico paga mais, se é pobre recebe bolsa. Há outras questões importantes. A relação entre professor e aluno nas faculdades públicas, por exemplo, é de um para sete, um para oito. Tem de ser um para vinte, daí para cima. E segundo: tem de haver Lei de Responsabilidade Fiscal para os reitores. Eles são habitantes deste belo país, também estão submetidos à lei. O CPF deles pode ser rastreado pelo juiz Sergio Moro, por que não? Querem mais dinheirinho? Paguem as contas", pontuou.
Quanto ao currículo escolar, Vélez defende que a disciplina educação moral e cívica retorne às instituições de ensino. Na avaliação dele, os alunos precisam sair do ensino básico e do fundamental já sabendo que há uma "lei interior" a ser cumprida.
"Se nós a transgredimos, mesmo enganando até a própria mãe, sentimos uma coisa chamada remorso. A primeira parte dessa disciplina pode ser dada nas quatro primeiras séries do ensino fundamental. Os estudantes podem aprender, por exemplo, o que é ser brasileiro. Quais são os nossos heróis? O PT tentou matar todos eles. Carla Camurati [cineasta] colocou dom Joãozinho (refere-se a dom João VI) como um reles comedor de frango, sem nenhuma serventia. Ele era um grande estadista, um grande herói. Outro ponto: hoje, adolescente viaja. É necessário lembrar que existem contextos sociais diferentes e que as leis dos outros devem ser respeitadas. O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião. Ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola", exemplificou o ministro.
A publicação revela ainda que antes de escolher Vélez para o cargo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez uma sabatina com ele e questionou se o colombiano tinha "faca nos dentes para enfrentar o do marxismo no MEC". "Presidente, é o que faço há trinta anos", foi o que ele disse ter respondido e Bolsonaro deve ter acreditado, já que aceitou a indicação do filósofo Olavo de Carvalho e nomeou Vélez para comandar a pasta da Educação.
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