Ele ressaltou que Dilma teria sido uma espécie de “Rainha da Inglaterra”.
Em depoimento sigiloso à justiça, o marqueteiro João Santana afirmou que o uso de caixa 2 na campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) em 2014 reforçou a percepção de que os políticos brasileiros sofrem de “amnésia moral”. O depoimento foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, neste domingo (30). Santana foi responsável pelas campanhas do PT à presidência da República em 2010 e 2014. De acordo com ele, a petista “infelizmente” sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia “chantageada” pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht.
Ele ressaltou que Dilma teria sido uma espécie de “Rainha da Inglaterra” em se tratando da parte financeira de sua campanha, já que não sabia dos detalhes dos pagamentos feitos.
Ainda segundo o Estado de S. Paulo, quando foi perguntado se ela sabia das despesas com caixa 2, ele foi categórico: “Infelizmente, sabia. Infelizmente porque, ao me dar confiança de tratar esse assunto, isso reforçou uma espécie de amnésia moral, que envolve todos os políticos brasileiros. Isso aumentou um sentimento de impunidade”.
“Dilma se achava chantageada pelo Marcelo”, afirmou Santana à Justiça Eleitoral. De acordo com o relato do publicitário, o objetivo da chantagem seria intimidar a então presidente a ponto de fazê-la impedir o avanço das investigações da Lava Jato. Dilma nunca gostou do “Menino”, apelido que usava para se referir a Marcelo Odebrecht, disse Santana.
A ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico deixou para ouvir João Santana no final das investigações. O julgamento do processo deverá ser retomado na segunda quinzena de maio. A informação de que Dilma sabia do uso de caixa 2 foi considerada um fato novo pelo ministro Herman Benjamin.
O Estado de S. Paulo afirmou que segundo o marqueteiro, a definição das coligações em torno de candidaturas são “leilões”, envolvendo uma série de interesses e negociações, como a distribuição de cargos. “Isso vai perdurar enquanto tiver empresário querendo corromper e político querendo ser corrompido”, disse. Santana considera Dilma Rousseff uma política honesta, mas rconhece que a petista acabou “fatalmente nessa teia”. “É um esquema maior que o ‘petrolão’. Essa promiscuidade de público e privado vem do Império, passou por todas as coisas da República”, criticou João Santana.
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