Fotos: arquivo pessoal
Um brasileiro, que limpou privada, hoje é vice-presidente de um banco na Europa.
A história de Fabiano Ferreira, de Sorocaba, no interior de São Paulo, é um exemplo de superação e certamente vai ajudar a entender o significado das palavras paciência, foco e determinação.
Há 12 anos, quando foi para Londres, fazer um curso, – já com duas graduações e uma pós no Brasil – ele teve um ataque de choro por não conseguir emprego no país. “Não me chamavam nem para servir café”, disse à BBC.
Ele estava com passagem marcada de volta para o Brasil no dia seguinte, quando em uma conversa por telefone com a mãe ela disse: “Filho, se você quiser voltar, vamos recebê-lo de braços abertos. Mas você será feliz?”.
“Quando desliguei, disse a mim mesmo que não voltaria. Eu venceria aquele desafio. Em vez de chorar todos os dias, passei a chorar menos. E a dar tempo ao tempo. A paciência foi uma virtude”. conta.
Fabiano – que no Brasil tinha carro importado e vivia em um apartamento de um bairro chique de São Paulo – decidiu limpar privadas e trabalhar como garçom em um restaurante, para não gastar suas economias até o final do curso.
“Trabalhava dez horas por dia. O restaurante ficava a 21 km da minha casa. Para economizar, ia e voltava de bicicleta. Foi minha primeira compra. Paguei 20 libras por ela. Eram 42 km todos os dias, o equivalente a uma maratona. O pior era no inverno: pedalar na neve é horrível.”
“Foi quando, ao final do curso, participei de uma feira de empregos. Preenchi uma ficha e logo me chamaram para uma entrevista em um banco escocês. Aos poucos, fui sendo promovido. Nesse ínterim, também fiz um mestrado em uma universidade de primeira linha do Reino Unido.
Quando completou 10 anos de banco veio a surpresa: Fabiano participou de um processo seletivo para a posição de vice-presidente de um banco inglês e passou.
Sim, hoje ele é vice-presidente de um dos principais bancos da Inglaterra e não pensa em voltar ao Brasil.
Trabalho voluntário
Paralelamente ao trabalho no banco Fabiano é membro do comitê diretor da Associação Brasileira de Iniciativas Educacionais no Reino Unido (Abrir).
“Também faço trabalho voluntário. Já dei aulas de judô para crianças órfãs, fiz feijoada para pobres nas ruas e fui membro da fundação do Príncipe Charles ─ onde ajudei jovens que saíram da prisão a voltar ao mercado de trabalho”
“Acho extremamente importante dar de volta à sociedade o que você recebeu dela. Como integrante da Abrir, é muito gratificante saber que estamos ajudando pais, crianças e jovens imigrantes ─ que se mudaram para cá ou nasceram aqui no Reino Unido ─ a continuar (ou até mesmo começar) a falar a língua portuguesa. Nunca podemos esquecer de onde viemos. E eu tenho orgulho de ser brasileiro.”, diz
“Nunca conseguiria chegar aonde cheguei sem o apoio da minha família. Todos foram muito importantes nessa caminhada. Mas eu aprendi muito também. Aprendi a não desistir. Aprendi ser perseverante. Aprendi, sobretudo, a ser humilde”.
“Também aprendi muito sobre igualdade. E quando vou de férias ao Brasil imagino o quão difícil seja para alguém que nasceu pobre ascender socialmente. A sociedade, muitas vezes, não deixa essa pessoa ‘subir de vida’. Nem sempre depende só dela.”
Quando olho para trás e vejo aonde cheguei, não tenho como não me emocionar. Só eu sei quanto suor, quanto sangue e quantas lágrimas derramei”. Com informações da BBC
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