Globo - Em meio à crise, um morador de Rio Claro (SP) desempregado há seis meses resolveu usar a criatividade para tentar uma nova oportunidade do mercado de trabalho. Aguinaldo Antunes colocou um anúncio inusitado no portão de casa: “Pago R$ 300 para quem me arrumar uma vaga em uma cerâmica”. O valor cai para R$ 200 caso a vaga seja em outra atividade. “Foi um ato de desespero porque preciso sobreviver e pagar o meu aluguel. Ofereci esse valor porque sei que tem muita gente precisando de dinheiro, então achei que alguém poderia ajudar por meio de contatos”, disse o mineiro de Monte Azul que tem 29 anos e há dois vive com o irmão no Jardim Progresso. Antunes trabalhava na linha de produção como operador de máquinas em uma empresa que fabrica materiais cirúrgicos, mas disse que foi demitido há seis meses em um corte de gastos. Com o dinheiro que recebeu da rescisão de contrato, investiu cerca de R$ 3,5 mil em uma máquina de assar frangos. O mineiro contou que comprava, em média, 30 frangos no mercado por cerca de R$ 14 cada um, temperava e os vendia por R$ 24 aos domingos na máquina instalada em frente a uma padaria no bairro. Em um bom dia ele conseguia lucrar até R$ 720. “Mas com a crise, as vendas caíram, as pessoas estão com medo de gastar. No último domingo, foi difícil e para não perder o produto vendi 20 frangos por R$ 10 cada, um prejuízo de R$ 14 em cada peça”, relatou Antunes. Para juntar uns trocados, ele também passou a produzir e estampar camisetas, já que tem duas máquinas de costura. Comprava o pano por R$ 24 o quilo e conseguia montar até três peças, que vendia por cerca de R$ 20 cada. “Mas o investimento é alto, é preciso ter o material de estampa, como a tinta e a tela, e também não estava tendo saída. O jeito foi parar”. Antunes contou que mora em uma casa de dois cômodos em um quintal onde cria dois cães. Paga R$ 400 de aluguel, R$ 120 de energia elétrica e cerca de R$ 35 de água. Atualmente, conta com a ajuda do irmão de 27 anos, que trabalha como carregador, para ajudar a pagar as contas. “Ainda bem que sou solteiro e não tenho filhos, porque com crianças a situação seria ainda mais complicada”, disse. Segundo ele, as segundas-feiras têm sido reservadas para a entrega de currículos. São aproximadamente 100 por semana, mas até agora não teve nenhuma resposta. “Saio às 7h e volto às 18h. No desespero, peguei a cartolina e ofereci o dinheiro por uma vaga. Uma moça não acreditou, achou que era brincadeira. Outras três pessoas ligaram, pediram meu currículo, mas até agora nada” relatou. Otimista, Antunes não perde a esperança. “Tenho ensino médio, técnico de operador e quero fazer mais cursos. Para isso, preciso trabalhar e faço qualquer coisa. Tenho fé em Deus e uma hora vai dar certo”. (Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário