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Em casos de pacientes que já estão com o organismo limpo das drogas há cerca de 30 dias, é possível fazer até mesmo apenas uma sessão. Quando o paciente vai para casa, nós continuamos dando assistência por cerca de três meses", explicou o diretor da clínica Mentes Livres, Márcio Reis. O tratamento com a ibogaína já é realizado em alguns estados do Brasil, como São Paulo e Paraná, chegando recentemente à Bahia. Localizada no município de Conde, no litoral norte baiano, a Mentes Livres funciona como um espaço terapêutico e, para realização do tratamento, o paciente passa por exames de TGO, TGP e eletrocardiograma. São vetados pacientes com esquizofrenia.
De acordo com Reis, a clínica realizava tratamento convencional antidrogas há cerca de cinco anos, mas os resultados eram abaixo do esperado. "A taxa de recuperação é muito pequena. Nós sempre buscamos alternativas que pudessem elevar esse número de êxito dos pacientes. Depois de muito tempo de pesquisa, nós conseguimos chegar à ibogaína. Começamos a pesquisar, estudar, nos deslocamos até a África para entender o funcionamento", disse.
Uma pesquisa realizada, entre 2005 e 2013, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) demonstrou que o medicamento fitoterápico pode interromper o vício em drogas em 72% dos casos analisados. Entre os 75 pacientes avaliados (67 homens e oito mulheres), 55% dos homens e 100% das mulheres se livraram do vício. O diretor da Mentes Livres explicou que a substância age no cérebro induzindo a produção do hormônio GDNF, que corrige danos causados pela droga ao órgão. "O cérebro tem várias conexões que ligam o prazer à droga. Uma vez que o paciente toma ibogaína, essas conexões são rompidas. Imagine um interruptor e uma lâmpada. Quando você aperta o interruptor, a lâmpada acende. A relação com a droga é a mesma.
A ibogaína rompe esse fio que liga o interruptor à lâmpada, então ela não acende mais. O paciente para de sentir prazer ao lembrar-se da droga. Isso simplesmente é apagado de sua memória". Como todo medicamento, o tratamento com libogaína apresenta alguns efeitos colaterais. Entre os mais comuns estão náusea, vômito, tontura e visões - diferente de alucinações, as visões surgem quando o paciente está de olhos fechados, como se estivesse em um estado leve do sono, porém acordado. Ainda assim, os resultados superam os efeitos colaterais, segundo Márcio Reis. Para ele, ainda é necessária muita pesquisa para uma aplicação mais ampla da substância no país.
Outro complicador é o interesse de indústrias farmacêuticas em medicamentos mais caros para tratamento de vícios. "Eu acredito que carece de pesquisa ainda, já que são poucas no Brasil. E há também pouco interesse por parte dos laboratórios, já que é uma substância que não pode mais ser patenteada. Além disso, o dependente químico também consome uma quantidade muito grande de medicações, o que faz com que não seja interessante a substituição por esse tratamento, que leva um tempo muito menor", avaliou. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não há medicamento registrado no Brasil com a ibogaína. Mas a substância não aparece na lista de produtos proibidos e não há restrição para uso pessoal. Mais informações sobre a Mentes Livres podem ser obtidas no site da clínica.
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