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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Depressão: causas, sintomas e tratamento

A depressão é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as doenças psicológicas mais comuns. Os custos pessoais e sociais da doença são muito elevados.
Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta.

O que é a depressão?
A depressão é uma doença dos afectos ( auto-estima) que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.
Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa essa é denominada depressão reactiva ou de luto. No entanto, se as circunstancias não são de perda, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda psicoterapêutica e não médica ao contrario do que a classe médica faz notar.
A depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. Estima-se que esta doença esteja associada à perda de 850 mil vidas por ano, mais de 1200 mortes em Portugal ( Ministério da Saúde).
A depressão pode ser episódica ( reactiva a acontecimentos de vida), recorrente ( instalada desde a infância) ou crónica (sem tratamento, ou com tratamento farmacológico), e conduz à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia. A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

Quais são os sintomas da depressão?
A depressão diferencia-se das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade e/ou pânico.
Os sintomas mais comuns são:
Modificação do apetite (falta ou excesso de apetite);
Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
Fadiga, cansaço e perda de energia;
Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
Falta ou alterações da concentração;
Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
Desinteresse, apatia e tristeza;
Alterações do desejo sexual;
Irritabilidade;
Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular no dorso e nos braços e pernas, dor abdominal, enjoo.

Quais são as causas da depressão?
As causas não diferem muito de pessoa para pessoa ao contrario daquilo que é instituído pela classe médica. Porém, é possível afirmar-se que há factores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc.
Sendo a depressão uma doença dos afectos o que as pesquisas e a pratica clínica nos dizem é que a falta de afecto ou sentido como tal (não é o acontecimento de vida que interessa mas a leitura que a pessoa faz dele) é a sua principal causa. A pessoa pode andar muitos anos com um sentimento de insatisfação que não sabe identificar (depressibilidade), sem nunca deprimir verdadeiramente, mas um dia numa mudança de vida (casamento, nascimento de um filho, morte de familiar, gravidez, saída de casa dos filhos etc,) a depressão surge e se a pessoa procura ajuda, o que encontramos por detrás é a falta de afecto vinda da infância, por vezes muito inconsciente e que aos poucos com o decorrer da terapia surge, causando um alivio dos sintomas à medida que os sentimentos são elaborados.
Algumas doenças podem provocar ou facilitar a ocorrência de episódios depressivos ou a evolução para depressão crónica. São exemplo as doenças infecciosas, a doença de Parkinson, o cancro, outras doenças mentais, doenças hormonais, a dependência de substâncias como o álcool, entre outras. O mesmo pode suceder com certos medicamentos, como os corticóides, alguns anti-hipertensivos, alguns imunossupressores, alguns citostáticos, medicamentos de terapêutica hormonal de substituição, e neurolépticos clássicos, entre outros. 

Tratamentos
O tratamento da Depressão evidentemente, como enfatizamos, quando se refere ao tratamento dos deprimidos não restringe-se exclusivamente ao tratamento medicamentoso. A depressão é uma doença "do organismo como um todo", que compromete o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento. A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

Tratamentos psicológicos específicos para episódio depressivo são efetivos, com maior evidências para depressões leves e moderadas.

Os diferentes antidepressivos têm eficácia semelhante para a maioria dos pacientes deprimidos, variando em relação ao seu perfil de efeitos colaterais e potencial de interação com outros medicamentos.

Primeiramente, é importantíssima a procura de uma orientação adequada para o diagnóstico e tratamento da depressão. Quer o orientador seja o médico da família, um psiquiatra, psicólogo ou outro profissional, o objetivo do aconselhamento será sempre o mesmo: ajudar a entender a depressão e desenvolver formas de lidar com ela. A orientação pode ser individual ou em grupo. A família pode ou não estar envolvida. Assim como os medicamentos, o aconselhamento não traz resultados imediatos.

A avaliação médica é necessária para que se saiba os sintomas e por quanto o paciente está acometido pela depressão. Esta avaliação inclui exames físicos e testes laboratoriais.

Algumas perguntas facilitam o diagnóstico da depressão, como por exemplo:
· Alguém em sua família sofre de depressão?
· Está tomando algum medicamento?
· Você sofreu alguma alteração ou perda importante em sua vida?
· Tem tido alterações no sono ou no apetite?
· Tem pensado em morte ou suicídio?
· Tem dificuldade de se concentrar no trabalho?
· Tem sentido mudanças no desejo sexual?

Antidepressivos
Há muitos tipos de antidepressivos. Todos são igualmente eficazes no tratamento dos sintomas da depressão, diferindo apenas nos efeitos colaterais.

Os primeiros antidepressivos amplamente usados foram os tricíclicos. São muito eficazes, mas causam efeitos colaterais porque afetam substâncias químicas do cérebro não relacionadas com a depressão. Entre esses efeitos estão boca seca, constipação, visão embaçada, pressão arterial baixa, sonolência diurna e ganho de peso. Os tricíclicos também são perigosos em caso de dosagem excessiva.

Desde 1989, vários novos antidepressivos foram desenvolvidos. Eles foram criados para afetar somente a serotonina, uma substância química do cérebro. São mais seguros e mais bem tolerados do que os tricíclicos. Por exemplo, eles raramente causam aumento de peso. O mais popular desses novos antidepressivos é composto por cloridrato de fluoxetina. Esses novos medicamentos também têm possíveis efeitos colaterais, como náusea, insônia, nervosismo e agitação. Como a maior parte dos deprimidos tem dificuldade para dormir, esses efeitos colaterais podem incomodar.

Infelizmente, nem todas as pessoas com depressão reagem ou toleram bem aos antidepressivos existentes. Porém, as pesquisas nessa área avançam substancialmente.

Serotonina
A Serotonina é uma substância chamada de Neurotransmissor que existe naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra. Atualmente a Serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurônio e outro.

Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química.

Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais. Pensando nisso, em meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito provável a existência de substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimos relacionados à atividade cerebral. Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno da afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores. Inclusive observou-se que as pessoas submetidas a dietas com baixos teores de Triptofano, uma substância (aminoácido) precursora da Serotonina, desenvolviam um quadro depressivo moderado. Também foram realizados testes em pacientes gravemente deprimidos, bem como em pacientes suicidas, e constataram-se também baixíssimos níveis da Serotonina no líquido espinhal dessas pessoas.

Existe um teste (entrevista) internacional para avaliação do grau de depressão chamado teste de Hamilton. Pois bem, este teste mostra altas pontuações (sugerindo maior depressão) em pessoas com dosagem menor de triptofano (o precursor da Serotonina). Essas pesquisas abrem a possibilidade de se utilizar o triptofano como coadjuvante no tratamento de pacientes deprimidos, coisa que já vem sendo feita por muitos psiquiatras.

Também os Transtornos da Ansiedade, principalmente o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e o Transtorno do Pânico, estariam relacionados a Serotonina, tanto assim que o tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos que aumentam a disponibilidade de Serotonina. Nesses estados ansiosos, também a noradrenalina, um outro neurotransmissor estaria diminuído.

A ação terapêutica das drogas antidepressivas ocorre no Sistema Límbico, o principal centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é conseqüência de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica (espaço entre um neurônio e outro), principalmente da Norepinefrina (NE) e/ou da Serotonina (5HT) e/ou da dopamina (DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.

A constatação do envolvimento dos receptores 5HT, conhecidamente implicados na Depressão, também na sintomatologia da Ansiedade parece ser um importante ponto de partida para a identidade terapêutica dos dois fenômenos psíquicos como tendo uma raiz comum (Bromidge e cols, 1998, Kennett e cols, 1997), seja em relação às causas dos dois transtornos, seja do ponto de vista do tratamento dos dois transtornos com antidepressivos.

No Sono
Os baixos níveis de Serotonina estão relacionados com alterações do sono, tão comuns em pacientes ansiosos e deprimidos. Essas alterações do sono, normalmente através da insônia, deve-se ao desequilíbrio entre a Serotonina e um outro neurotransmissor, a acetilcolina.

O tratamento com antidepressivos pode melhorar o desempenho do sono, embora em alguns casos possa haver insônia. Outro efeito que pode ser muito útil dos antidepressivos é em relação ao tratamento de pessoas dependentes de medicamentos hipnóticos (para dormir), já que estes proporcionam um certo desequilíbrio na acetilcolina.

Na Atividade Sexual
Tendo em vista a ação da Serotonina na diminuição da liberação de estimulantes da produção de hormônios pela hipófise, ou seja, quanto mais serotonina menos hormônio sexual, alguns antidepressivos que aumentam a Serotonina acabam por diminuir a atividade sexual.

No Apetite
A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu (saciedade) dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo. Com taxas normais de Serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce. Havendo diminuição da Serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa pode ter uma tendência ao ganho de peso. É por isso que medicamentos que aumentam a Serotonina estão sendo cada vez mais utilizados nas dietas para perda de peso. Um desses medicamentos é a fluoxetina, a qual, além de tratar a depressão, aumentando a Serotonina, também proporciona maior controle da fome (notadamente para doces).

Outros
Também na regulação geral do organismo a Serotonina tem um papel importante. A temperatura corporal, por exemplo, controlada que é no Sistema Nervoso Central (SNC) recebe uma influência muito grande dos níveis de Serotonina. Isso talvez possa explicar porque algumas pessoas têm febre de origem emocional, predominantemente as crianças. Também interfere no limite da sensação de dor. Algumas doenças caracterizadas por dores de tratamento difícil podem ser muito beneficiadas com medicamentos que aumentam a Serotonina. É o caso, por exemplo, da enxaqueca, das lombalgias (dores nas costas) e outros quadros de dor inespecífica.

Psicofármacos
Os psicofármacos mais utilizados no tratamento da depressão são:

· Prozac
O prozac é a fluoxetina, um antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina. Suas principais indicações são para o tratamento da depressão, do transtorno obsessivo-compulsivo e da bulimia nervosa. A dose geralmente usada varia entre 20 e 80mg ao dia. O ajuste da dose depende dos benefícios e efeitos colaterais que o paciente estiver passando. Pacientes que tenham alcançado um benefício satisfatório com 20mg não terão motivo para elevar a dose. Os efeitos colaterais mais comuns geralmente passageiros são: dores de cabeça, insônia, nervosismo, tonteiras, enjôo ou diarréia. Outros efeitos relatados com menos freqüência foram: sedação, ansiedade, zumbidos, sensação de cansaço, tremores, aumento da quantidade de suor, inapetência, prisão de ventre, má digestão.

· Anafranil
O princípio ativo do anafranil é a clomipramina, um antidepressivo tricíclico, portanto dos mais antigos antidepressivos. A apresentação em drágeas de 10 e 25mg. A dose média recomendada é 100mg/dia, podendo chegar a 250mg ou 300mg caso os efeitos colaterais sejam bem tolerados pelo paciente e os benefícios justifiquem essa dose. Pode ser usada em crianças na dose de 3mg/Kg de peso por dia. Para abrandar os efeitos colaterais a dose deve ser elevada lentamente e ao fim do tratamento retirada lentamente também, com alguns dias de intervalo entre uma e outra redução. Em geral o médico retira aproximadamente 25% da dose a cada redução.

Os principais efeitos do anafranil são o combate à depressão e aos sintomas obsessivos. Quanto ao primeiro efeito sua ação é semelhante aos demais do grupo (imipramina, amitriptilina, nortriptilina). Contudo como antiobsessivo destaca-se por ser consideravelmente superior aos do seu grupo, equivalendo-se apenas aos antidepressivos do grupo dos inibidores da recaptação da serotonina. Além desses efeitos possui também eficácia suficiente para bloquear as crises de pânico. Uma outra situação freqüentemente usada é a dor crônica que encontra em associação de outras medicações com o anafranil bons resultados. A principal limitação dessa medicação está nos efeitos colaterais que muitas vezes não são tolerados pelos pacientes.

Os principais efeitos colaterais são: secura da boca, que deve ser contornada com pequenos e freqüentes goles de água; prisão de ventre que pode ser controlada com uma dieta rica em fibras como farelo de trigo que não engorda e facilita o trânsito intestinal, laranjas com bagaço também são muito úteis e saudáveis; aumento do apetite e conseqüentemente do peso; visão embaçada; inibição do desejo sexual é proporcional a dose e mais significativa nas mulheres; efeitos genéricos como dores de cabeça, tonteiras, zumbidos, queda da pressão arterial ao levantar-se e mesmo alterações do ritmo cardíaco em pessoas com problemas prévios podem acontecer. Todos esses problemas desaparecem quando a medicação é suspensa e geralmente melhoram quando a dose é reduzida. http://lidia-outrosolhares.blogspot.com.br*http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2003/g4/tratamento.htm

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