A majestade desmistificada. Essa é a proposta do livro Forró – A Codificação de Luiz Gonzaga (Cepe Editora, 150 páginas, R$ 60,00) do etnomusicólogo, compositor e cantor pernambucano Climério de Oliveira.
A obra será lançada neste sábado – data em que Luiz Gonzaga completaria 102 anos – a partir das 18h na sede da Associação Balaio Nordeste (rua Maciel Pinheiro, 2, sala 2, Varadouro), em João Pessoa. A entrada é gratuita.
“Luiz Gonzaga condensa, no nome dele, a atuação de toda uma coletividade que é o forró”, explica o autor. “O forró é uma grande mistura. Temos Jackson do Pandeiro, as vertentes contemporâneas e as mais urbanas que foram apelidadas de ‘universitário’ e migrou para outros tipos de músicas”.
O livro é o terceiro volume da coleção Batuke Book. Os anteriores, frutos também de pesquisas de Climério de Oliveira, foram sobre o maracatu (lançado em 2006) e o cabocolinho (2010).
“É uma tentativa de mostrar o trabalho de Gonzaga como empreendedor”, justifica. “Vou muito pelo trabalho dele, mas não como mito porque ele não precisa. Foi ele quem procurou Humberto Teixeira pela primeira vez para fazer as composições. Isso é a prova de que ele foi um ‘matuto’ empreendedor”, exemplifica.
De acordo com Climério, Forró – A Codificação de Luiz Gonzaga é um trabalho para analisar como o Velho Lua agregou outros compositores e transformou o forró em subgêneros diversificados de ritmo.
A edição destrincha seis subgêneros: o baião, o xote, o xaxado, a marcha junina ou arrasta pé, o forró e a toada. “Claro que têm muitos outros. Seleciona esses seis porque acabam sendo a construção que chamam de forró gonzaguiano”, aponta.
FORRÓ COMPARTILHADO
Dentre outras curiosidades presentes no livro, Climério de Oliveira destaca que, além das análises musicológicas, ele explica como foi que a famosa formação do trio pé de serra – formado pelas inseparáveis sanfona, triângulo e zabumba – foi aparecendo na obra de Luiz Gonzaga.
“Quando você escuta as músicas da primeira década (anos 1940) como ‘No meu pé de serra’, ‘Baião’, ‘Seridó’ e ‘Forró de Mané Vito’, a batida rítmica não estava desenvolvida. Gonzaga lançava músicas com nomes de diferentes danças, mas com a mesma batida rítmica”, avalia. “O gênero estava começando. Essas músicas se tornaram seminais porque foi a partir delas que o forró foi se estabelecendo”.
Essa constatação pegou também outros nomes de surpresa como Dominguinhos (1941-2013) e Gennaro, que estão em um diferencial deste volume da coleção Batuke Book: um DVD encartado com registro de encontros desses músicos e de outros como Maciel Melo e Herbert Lucena.
“Fiz uma audição cronológica da obra e uma audição compartilhada”, conta Climério. “Eu escolhia uma determinada música e reunia músicos em um estúdio para tirar dúvidas e discutir o que está naquele som”.
Além da sessão de autógrafos, haverá uma homenagem ao ‘Rei do baião’ com um pocket show liderado por Climério de Oliveira e convidados. “Vamos fazer um improviso como uma jamsession”.
O próximo projeto do autor será em torno do frevo, principal ritmo que anima o Carnaval pernambucano. http://uirauna.net
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