Os dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde e confirmados por uma pesquisa do Hospital da Mulher Professor Doutor José Aristodemo Pinotti, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontam o nascimento de 40 prematuros por hora no Brasil, ou 931 por dia. A taxa de prematuridade nacional é de 12,4%. A pesquisa da Unicamp acompanhou 30 mil nascimentos em 20 maternidades referência das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país. O relatório divulgado no final de outubro se refere aos nascimentos espontâneos, que representam 70% dos casos. Segundo o obstetra Renato Passini, o levantamento é importante para reforçar os fatores de risco. “Não tínhamos um estudo tão grande no Brasil sobre a quantidade de fatores de risco. Existem outros que já haviam investigado estes fatores, mas não nessa dimensão”, explica. O estudo pode ajudar a traçar políticas para a redução destes números, principalmente dos nascimentos espontâneos. Como ainda não há consenso na comunidade médica sobre o número ideal, mas o que se pensa é seguir os países onde ocorrem os menores índices, como na Europa. “A prematuridade espontânea dá para reduzir, desde que se consiga identificar alguns fatores de risco durante a gravidez e atuar sobre eles”, alerta Passini. Identificados, esses dados devem ser monitorados o tempo todo por gestantes, profissionais de saúde e autoridades do setor.
O médico aponta que os principais fatores de risco durante a gravidez são: gestação de múltiplos, dores persistentes nas costas, corrimento, estresse emocional e até exames de imagem de má qualidade. Ana Cristina Consoli é mãe de Pietra, de 12 anos. A menina nasceu aos seis meses de gestação. “Eu tive pré-eclâmpsia (hipertensão arterial) e ela na verdade foi ‘tirada’ no sexto mês por que minha pressão não baixava. Ao nascer, descobriram que ela tinha um problema congênito no intestino. O bebê passou por cirurgia e teve complicações, chegando a ficar em coma”, explica Ana. A criança ficou dois meses no hospital antes de ir para casa. “Ao sair, tive que tratá-la com fonoaudióloga para que ela pudesse aprender a mamar porque, como recebeu somente alimentação por tubo, perdeu o reflexo de mamar”, lembra Ana, que ressalta que a filha hoje tem vida normal.
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