IBC-Br, conhecido como PIB do Banco Central, apontou retração de 0,26% no mês. Economistas esperavam avanço.
Do Globo:
A economia brasileira encolheu 0,26% em outubro, na comparação com setembro, de acordo com os cálculos do Banco Central, que divulgou nesta segunda-feira o Índice IBC-Br. O resultado reverte o desempenho registrado no mês anterior, quando o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) havia crescido na mesma proporção.
Nos 12 meses encerrados em outubro de 2014, é possível observar um crescimento de 0,26%. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o indicador ficou negativo em 0,09%. Os dados são divulgados após o IBGE, que calcula o PIB oficial, mostrar que a economia saiu da chamada recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda), ao crescer 0,1% no terceiro trimestre. Uma semana antes, a pesquisa do Banco Central indicou alta de 0,59% no mesmo período.
O resultado surpreendeu o mercado financeiro. Analistas esperavam alta de 0,2% no mês, segundo levantamento da Reuters. Em nota enviada a investidores antes da divulgação dos números, o economista Octávio de Barros, diretor do departamento de pesquisa do Bradesco, disse que o banco esperava alta de 0,3%, “impulsionado pelas vendas do comércio varejista no período”.
O indicador de outubro indicou uma retração da atividade econômica no país depois de três meses seguidos que alta. Segundo os dados do BC, o índice havia registrado crescimento em julho, agosto e setembro. No entanto, o ritmo de alta perdeu fôlego e acabou se tornando uma queda em outubro. Em julho, o indicador cresceu 1,35%. Em agosto, o percentual baixou para 0,14%. Em setembro, ele subiu um pouco mais, 0,26%, até ficar negativo agora.
Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, é difícil explicar o resultado considerado “decepcionante”, já que o BC não abre os dados completos da pesquisa, como faz o IBGE. O analista esperava alta de 0,27%, principalmente por causa do desempenho do varejo, que subiu 1% em outubro, e da indústria, que ficou estável naquele mês, após queda em setembro. Uma possibilidade, no entanto, é que o número negativo tenha sido puxado pelo setor externo.
— Todo mundo errou para cima, porque os dados de varejo e indústria vieram relativamente bons em outubro. Esse número deve ter vindo ruim talvez por causa do setor externo. Em outubro, houve um déficit de cerca de US$ 1 bilhão na balança comercial. Se o IBC-Br é essa proxy do PIB, isso deve ter tido efeito — analisa Perfeito.
Já Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, diz que o setor de serviços pode ter influenciado o resultado, já que representa 60% do PIB. Ele esperava alta de 0,3%, também animado pelos dados positivos do varejo.
— Não tinha ninguém esperando número negativo. Depois que você teve o dado muito melhor na PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), apesar de ter um peso menor que a indústria, as projeções aumentaram — afirma ele.
O economista calcula que, com os novos dados, o resultado do quarto trimestre, pelas contas do BC, ficará comprometido. Isso porque, além da queda em outubro, os dados dos meses anteriores foram revisados para baixo. Sem os ajustes nos cálculos, Leal estimava que, mesmo se a economia ficasse estagnada em novembro e dezembro, o IBC-Br teria leve alta de 0,08%. Agora, no mesmo cenário, haveria recuo de 0,04%. Já se as projeções do ABC tivessem se confirmado, o quarto trimestre seria de alta de 0,6%, mesmo com novembro e dezembro zerados.
— A expectativa de que poderíamos ter um resultado melhor no quarto trimestre está complicada — avisa o analista.
André Perfeito, da Gradual, lembra que o número ruim pode ainda influenciar a política monetária do Banco Central — o indicador foi criado exatamente para balizar esta estratégia. Para ele, é possível que a autoridade monetária, que começou o processo de aperto dos juros neste fim de ano, passará a agir com mais cuidado no ano que vem:
— Com um índice tão baixo como esse, é bem provável que a autoridade monetária veja como suficiente e atue com parcimônia na política monetária. Acho que eles vão aumentar 0,25 ponto percentual e parar.
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