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quinta-feira, 31 de julho de 2014

A inteligência das mulheres aumentou mais que a dos homens durante o século XX, diz estudo

REDAÇÃO ÉPOCA
A física nuclear Irene Joliot-Curie e seu marido, o cientista Jean Frederic Joliot-Curie, na primeira metade do século XX. Quando a qualidade de vida aumenta, elas se beneficiam mais (Foto: Getty Images)

Viver bem faz bem para o cérebro. Os cientistas – e o senso comum – não têm dúvidas de que melhores condições de alimentação, moradia e lazer, no geral, trazem benefícios à cognição. Durante o século XX, a qualidade de vida melhorou, sobretudo nos países desenvolvidos. Taxas de desnutrição e mortalidade infantil despencaram, a expectativa de vida se elevou e as pessoas passaram a ter acesso a melhores e mais modernos tratamentos de saúde. As mudanças fizerem bem aos cérebros de todos. Uma parcela da população, no entanto, se beneficiou mais que outra. De acordo com um novo estudo publicado no periódicoProceedings of the National Academy os Sciences, as capacidades cognitivas das mulheres melhoram mais que as dos homens quando aumenta a qualidade de vida. “Quando as condições de vida melhoraram, também melhoram as habilidades cognitivas de mulheres e homens. Mas as mulheres foram as maiores beneficiadas”, disse Agneta Herlitz, coautora do estudo e psicóloga do Instituto Karolinska da Suécia.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram 30 mil pessoas de 13 diferentes países europeus. Todas nascidas entre 1923 e 1957. Foram avaliadas suas habilidades com números, sua capacidade de recordar momentos e de nomear objetos e lugares. Seus resultados nos testes foram comparados com dados a respeito das condições sociais em que essas pessoas viviam quando tinham 25 anos: taxa de fertilidade, mortalidade infantil, nível educacional, expectativa de vida e produto interno bruto.

A comparação mostrou que os resultados de todos melhoraram, acompanhando a evolução dos indicadores sociais. As capacidades cognitivas das mulheres, no entanto, deram um salto. Foram elas as que mais avançaram, beneficiadas pelas melhores condições experimentadas pela sociedade. Os pesquisadores não sabem explicar por que isso aconteceu. Têm uma teoria: segundo Herlitz, no geral, as mulheres são menos bem tratadas que os homens. As famílias mimam seus meninos mais que suas meninas. Por isso, sobretudo nos primeiros anos do século passado, o ponto de partida é mais baixo para elas. Os incrementos na qualidade de vida funcionam como uma compensação, que permite que elas se desenvolvam mais. Os homens também se beneficiam, mas não mudam tanto.

Os resultados não foram homogêneos. Em algumas habilidades, a performance masculina foi melhor. As mulheres têm piores resultados, por exemplo, na capacidade de lidar com números. Segundo os pesquisadores, essa dificuldade também tem fundo social: no geral, as mulheres são menos encorajadas que os homens a estudar matemática.

Segundo o site The Verge, esse tratamento diferente legado a homens e mulheres ajuda a explicar porque a pesquisa de Herlitz preferiu usar o termo “gênero” em lugar de “sexo”: enquanto diferenças sexuais são resultado da biologia, o gênero é um categoria social. “Gênero” envolve a forma como pessoas são tratadas e vistas e qual lugar ocupam na sociedade. Influi também no tipo de privilégios a que essa pessoa tem acesso.

Influenciados por esse raciocínio, alguns especialistas em cognição humana preferem dar mais peso a fatores ambientais (como o tratamento social reservado a cada gênero) que a fatores biológicos, ao tentar explicar as diferentes habilidades demonstradas por homens e mulheres: “Se houvesse algum tipo de forte e imutável diferença biológica, nós não observaríamos essa evolução nas habilidades ao longo do tempo, nem as diferenças encontradas em diferentes regiões do mundo”, disse David Reilly, psicólogo da Universidade Griffith na Austrália, ao The Verge.

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