No Brasil o salário mínimo é de 724 reais.
Na Suíça a população decide neste fim de semana, nas urnas, se cria um salário mínimo de 10 mil reais.
O valor que seria estipulado não é o mais elevado do mundo em termos absolutos. Mas é o que representa o maior poder de compra e o maior que estaria garantido na constituição.
O piso valeria para todos: desde funcionários de fábricas até estudantes que trabalham meio período em bares.
A proposta é patrocinada pelo maior sindicato do país e o grupo insiste que muitos - principalmente mulheres - têm sérios problemas para chegar ao final do mês diante do custo elevado de vida na Suíça.
Se aprovado, o salário mínimo seria bem superior ao que existe na Austrália, que exige um pagamento mínimo de US$ 16,88 por hora trabalhada.
O valor na Suíça seria duas vezes e meia o piso que o governo de Barack Obama tenta criar nos EUA.
E mais de duas vezes superior ao que Angela Merkel foi obrigada a criar na Alemanha.
Para os empresários, no entanto, a proposta pode matar a competitividade do setor produtivo do país alpino.
Com 3,2% de taxa de desemprego, os donos de pequenas empresas alertam que poderiam optar por ter menos funcionários se o projeto for adiante.
O projeto da Suíça
A proposta pretende estabelecer uma renda de no mínimo US$ 25 por hora trabalhada, o que garantiria em um mês cerca de US$ 4,4 mil como patamar mínimo de um salário, cerca de R$ 10 mil.
Mas as pesquisas de opinião indicam que a campanha do "não" pode acabar vencendo.
Governo e empresários são contrários à iniciativa.
"Será um gol contra, tanto para trabalhadores quanto para empresas", disse Cristina Gaggini, diretora da Associação de Pequenas Empresa da Suíça. "Estudos mostram que criar um salário mínimo pode gerar mais desemprego que ajudar os trabalhadores."
"A proposta não favorece a criação de empregos na Suíça", declarou Peter Brabeck-Letmathe, presidente da Nestlé.
Para tentar frear a vitória do "sim", as redes de supermercados que são acusadas de pagar valores insuficientes começaram a anunciar que vão incrementar os salários. O governo também insiste que o baixo índice de desemprego e o elevado padrão de vida do país são provas de que o sistema funciona sem um salário mínimo oficial.
Benefício
Os sindicatos afirmam que a realidade dos trabalhadores é diferente.
Se implementado, o salário beneficiaria cerca de 300 mil pessoas, 9% da mão de obra do país.
Os trabalhadores ainda alertam para um outro fenômeno: a decisão de jovens de não trabalhar, já que o seguro-desemprego dado pelo governo seria superior ao que os salários em bares ou supermercados ofereceriam.
Custo de vida
Hoje, um apartamento de um quarto no centro de Genebra não sai por menos de US$ 1,8 mil por mês em aluguel, cerca de 4 mil reais.
O seguro de saúde é obrigatório a todos os cidadãos, que precisam pagar cerca de US$ 400 por mês pelo serviço, cerca de 880 reais.
O transporte público não sai por menos de US$ 80 por mês, cerca de 180 reais.
E os suíços são obrigados a pagar impostos até mesmo para usar televisão ou rádio em casa.
Com informações do Estadão.
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