Abaixo, republicaremos o texto escrito por Milton Neves em 16 de abril de abril de 2010, em homenagem ao jornalista Sérgio Martins, ex-repórter da Revista Placar, que faleceu em 11 de dezembro de 2013, em São Paulo. Sérgio tinha 67 anos e escreveu a denúncia da "Máfia da Loteria Esportiva", uma das mais importantes da história do jornalismo esportivo.
Houve uma época em que eu gostava mais do “Tabelão” de Placar do que do Pelé.
Apaixonado pelo paradeiro dos jogadores nos vários cantos do país, comprava( aliás, mais “filava”, em Minas) Placar e ia direto ao “Tabelão”, minha paixão.
Faço isso até hoje, mas na seção “Que Fim Levou ?” de meu Portal de Memória http://www.miltonneves.com.br .
A “Gazeta Esportiva” e “Gazeta Esportiva Ilustrada” também tiveram seus “tabelões”, mas o de Placar era muito mais completo, me encantou e ia ao fim da revista com a mesma volúpia que a dona de casa que entra no supermercado e vai direto ao açougue que também, estrategicamente, fica no fundo da loja.
E do fundo do coração quero aqui cumprimentar o fundador do “Tabelão”, um visionário. Só lamento não saber seu nome.
Como também merecem parabéns o mestre Michel Laurence – inventor do Bola de Prata que cansei de apresentar em festas de gala na TV Record – e Sérgio Martins, o querido “Surdinho”, que, sozinho, pautou, bolou, idealizou, enfrentou temores, pesquisou, investigou e construiu a célebre série de reportagens até hoje reverenciada como “ A Máfia da Loteria Esportiva”.
Aquele trabalho de Martins e de Placar não foi só um fantástico furo de reportagem, mas um belo serviço prestado ao futebol, à economia popular e ao próprio governo federal, que criou uma febre esportiva e não soube contrata-lá, vigia-lá e cura-lá.
Placar foi o médico da legalidade e da ética e o delegado de polícia a ir atrás dos ladrões.
Mas, nestes 40 anos brilhantes de Placar - até o nome – marca – foi um achado -, como leitor, jornalista e colunista aqui desde 2003, quero escalar meu time titular destas quatro décadas, mas com divididas e placares tão disputados, apertados, emocionantes e polêmicos.
Meu goleiro é o Félix, pela sacanagem que se faz contra ele até hoje, inclusive por jovens que usavam fraldas quando Placar nasceu às portas da Copa do Mundo do México, em 1970. Vocês sabiam que ele chora toda vez que falam - e como falam - ! que o Brasil ganhou a Copa de 70 “apesar do Félix”?
Sacanagem! Quem garante que sem ele e com outro goleiro “muito melhor” o Brasil teria tido a mesma sorte? Só Deus pode responder, mas Ele tem coisas muito mais importantes para fazer.
Na lateral direita, dispenso explicações que redundantes seriam, e cravo Carlos Alberto Torres, o melhor do mundo de todos os tempos.
O central é o Luis Pereira, “torto” como Garrincha e desengoçado como ele só, veste a camisa 3 de Placar, ao lado de...Roberto Dias, do São Paulo.
Baixinho, magrinho, leal, técnico e humilde, foi o melhor marcador de Pelé, segundo o próprio.
“Já ouvi e li que uns 40 ou 50 melhor me marcaram no mundo. Mas Roberto Dias, este sim, foi meu tormento. Ele era tão bom, mas tão bom, que mesmo limpamente, ganhava de mim umas três ou quatro divididas em cada 10”, disse- me já, sério, o Rei.
Na lateral esquerda, aplaudo Júnior, Roberto Carlos, Zé Carlos Cabeleira – sim, senhor ! – e Branco, mas a camisa 6 é de Marinho Chagas, um gênio sem cabeça que jogava um futebol além de seu tempo.
Se desse para telefonar para Deus e perguntar, acho que Ele diria que Marinho Chagas foi melhor que...Nilton Santos!!!
Por favor, não me xinguém, eu disse que “ se desse telefonaria para Ele !” E que “acho” !
Na “meia cancha” escalo Falcão – mas morrendo de vontade de votar em Clodoaldo – Ademir da Guia e Zico.
Sim, Falcão merece – e jogava mil vezes melhor do que comenta -, Zico, porque também dispensa letras redundantes e Ademir da Guia - sim, senhor - !, porque foi um dos 10 maiores e melhores jogadores do planeta desde que se inventou esse tal de futebol.
Pena que o mundo não tivesse sido avisado disso e ele também não fez nenhuma questão de acordar e gritar como uma galinha ao botar um ovo.
Virou pata, tartaruga ou avestruz que botam, ficam caladas e seu produto é ignorado pelo mercado porque a galinha coloca a boca no mundo avisando que o seu ovo é melhor do que os das outras.
E no ataque fico com o Jairzinho, Pelé e Edu, o Ademir da Guia da ponta esquerda.
“Ignoro” Romário, Rivellino, Gérson, Dirceu Lopes, Reinaldo do Galo – o segundo melhor mineiro da história -, Taffarel, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Sócrates, porque nos 40 anos de Placar só cabem 11, o Tabelão e um técnico, Zagallo.
E o Furacão Jairzinho da Copa de 70 tem o Oscar dos Mundiais: Só ele – e nem Pelé - jogou todos os 90 minutos de todos os jogos de uma Copa, vencendo todos, sendo obviamente campeão e fazendo gol em TODAS as partidas.
O Brasil deveria reconhecer mais este feito de Jairzinho, assim como parar de humilhar o querido Félix, o goleiro (vivo e campeão mundial) mais condenado do que o próprio Barbosa.
E Edu, que defini como o Ademir da Guia da ponta, já recebeu um elogio imenso e ninguém foi um 11 tão completo quanto ele EM TODO O MUNDO, mas a Edu e ao Divino faltou a vontade que sobrava em Zé Maria, Baroninho, Pedro Paulo e Forlan.
Já Zagallo, não é mais técnico, nem jogador, virou mito, ganhou tudo, acho que nunca será superado e ainda me inventou como apresentador de TV, no SuperTécnico, da Band (99 a 2001).
E por que Pelé? Não interessa. Pelé é o “Tabelão” de Placar e os dois deveriam existir sempre!
Capa da Revista Placar/http://terceirotempo.bol.uol.com.br
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