De família pobre, da periferia de Manaus, ela foi tomada pela curiosidade ao ver uma amiga rodeada de presentes, dinheiro e carros.
Em pouco tempo, passou até a cabular aula para entrar na rede de exploração sexual.
Não demorou e passou a fazer de seis a sete programas por dia. E ela ainda nem havia completado 15 anos.
"Emendava um programa no outro. Não parava. Ganhávamos dinheiro muito fácil. Mas, como diz o ditado, tudo que vem fácil vai fácil", disse à Folha a adolescente, hoje com 17 anos e, segundo ela, longe dos encontros sexuais.
Há um ano, a rede de exploração sexual da qual Giovana fazia parte foi desbaratada pela polícia em Manaus.
Agora, a Folha teve acesso a detalhes das investigações sobre a forma de atuação do esquema que servia a grupos de empresários e políticos do Amazonas e que recrutava garotas pobres, com idades a partir de 12 anos.
O Ministério Público ofereceu denúncia. A Justiça ainda analisa se abrirá processo.
O caso está sob sigilo no Tribunal de Justiça do Amazonas. Um cônsul, um prefeito e um deputado estadual estão entre os suspeitos de fazer parte do esquema.
"Às vezes no meio da aula eles [agenciadores] me avisavam sobre algum programa por mensagem de celular, então me buscavam na escola e me levavam até o local do encontro. Depois, me levavam de volta pra escola ou pra casa", disse a menina.
IDENTIDADE
"Na média, num dia, podia ganhar R$ 2.000, R$ 3.000. Variava de R$ 300 a R$ 400 [cada programa]", completa.
Segundo a garota, a maioria dos clientes sabia que ela não tinha 18 anos -quando necessário, diz, usava uma identidade falsificada.
A vida dela, conta, mudou de novo quando a rede veio à tona, em novembro de 2012.
Policiais foram até a casa dela para apreender computadores e celulares. "A reação da minha mãe foi péssima. Ela desmaiou, foi uma coisa muito horrível", afirma.
Outros parentes de garotas ouvidos pela reportagem relataram semelhante reação quando o caso foi revelado.
Com medo, Giovana afirma que apagou seus perfis nas redes sociais e passou a fazer, também, um curso profissionalizante. Hoje sonha com uma universidade.
"Não falo com mais ninguém, perdi o contato com todos. Eu vi e revi o que eu fazia e agora faço diferente. Quero estudar e ter meu próprio negócio." Reprodução Cidade News Itaú
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