O primeiro canal da transposição do rio São Francisco, que inicialmente seria inaugurado pelo ex-presidente Lula em 2010, avançou apenas 1% no último ano e não ficará pronto até o fim deste mandato da presidente Dilma Rousseff.
O chamado eixo leste da transposição, iniciado por Lula em 2007 e que corta Pernambuco e Paraíba, somente deverá ficar pronto em dezembro de 2015, segundo a previsão oficial do governo.
Assim, se as obras de fato avançarem, caberá ao próximo presidente eleito cortar a fita dos dois canais que o governo promete levar água a 12 milhões de habitantes de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Além do eixo leste, há o eixo norte, que cruza Pernambuco, Ceará e Paraíba e tem previsão de entrega também ao final de 2015.
Um dos carros-chefes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vitrine de Dilma na campanha presidencial de 2010, a transposição do São Francisco deve ser um dos temas da disputa eleitoral do ano que vem.
PSB – Além de centralizar o discurso do Planalto nos investimentos no combate aos efeitos da seca nordestina, a maior em cinco décadas, a obra é de responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, comandado até o início do mês pelo PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência em 2014.
Com a decisão de entregar os cargos no governo federal, o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra (PSB) saiu da pasta para se dedicar à candidatura de Campos ao Planalto. O próprio Bezerra, por sua vez, quer disputar o governo de Pernambuco.
Outro presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), já colocou a obra na disputa pelo Planalto.
Em setembro, o tucano foi à região do São Francisco, caminhou em trechos paralisados da obra e abordou o atraso em gravações do programa de seu partido. Disse, na ocasião, que Dilma deixará um “cemitério de obras inacabadas” como legado.
Procurado ontem, o Ministério da Integração Nacional atribui a lentidão ao tempo usado para licitar novamente as obras e liberar recursos.
CRONOGRAMA - Até novembro de 2012, o governo federal prometia os 217 km do eixo leste da transposição para dezembro de 2014, com percentual de execução à época em 51%.
No entanto, balanços do PAC divulgados ao longo deste ano mostram que o percentual não saiu da marca de 52% desde fevereiro. Apesar da estagnação, o Ministério do Planejamento, responsável pelos balanços, avaliou que o ritmo das obras passou do estágio de “atenção” para “adequado”.
Entre fevereiro e outubro, o outro braço da transposição, o eixo norte, saiu de 34% para 43% de execução.
Quando a obra foi lançada, há seis anos, após uma série de embates de políticos e entidades contrários à transposição, o então presidente Lula prometia o primeiro trecho (o leste) para 2010. Toda a transposição ficaria pronta em 2012 por R$ 4,6 bilhões.
Alguns trechos foram licitados de novo. Agora, pelo atual cronograma, a obra só deverá ficar pronta em 31 de dezembro de 2015, num custo total de R$ 8,2 bilhões.
Até o final do ano eleitoral de 2014, o governo terá gasto R$ 7,7 bilhões desde o início das obras. Depois de 2014, ainda há previsão de gastar outros R$ 561 milhões.
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