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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Bolsas de estudo são a única fonte de renda para piauienses por todo o país


Com valores mensais entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, as bolsas de pós-graduação são, quase sempre, a única fonte de renda de muitos estudantes no País. Eles se dedicam exclusivamente às dissertações, teses, à publicação de artigos e a leituras. É com a bolsa também que pagam despesas como o aluguel e a alimentação.
O valor, segundo bolsistas, é insuficiente para algumas localidades, ou dá apenas para pagar as contas. Para aqueles que deixam a família e se mudam para estudar, a bolsa é o que garante a fixação na localidade. A partir deste mês, os estudantes recebem um reajuste de 10% nos valores.
O aumento das bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi anunciado em março.
Os novos valores começam a ser pagos agora: a bolsa de mestrado passa de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de doutorado de R$ 2.000 para R$ 2.200, e a de pós-doutorado de R$ 3.700 para R$ 4.100. "A bolsa é interessante porque legitima a nossa função como estudantes, nos dá um aval de pesquisadores", diz o doutorando em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Douglas Sousa. "Mas o valor é ainda mais interessante para aqueles que não são de Brasília (onde o custo de vida é alto), que moram em residência própria. Eles podem usar a bolsa apenas para manutenção do curso, gastam com lanches, livros e viagens para congressos. Para nós que somos de outros Estados, temos que pagar aluguel, alimentação, além de bancar nossa participação em eventos científicos, que é quase uma obrigatoriedade para pós-graduandos."
Douglas veio de Socorro do Piauí, a 457 quilômetros da capital piauiense, Teresina. No Estado de origem, fez graduação e mestrado. Para o doutorado, escolheu Brasília pelo intercâmbio cultural que teria: "Não precisa sair de Brasília para ter um pedacinho do mundo aqui". Mas o preço é alto: apenas o aluguel consome 40% do que ganha. "Eu posso dizer que não vivi Brasília culturalmente. Pesquiso dramaturgia e não tenho dinheiro suficiente para ir a várias apresentações", diz o mestrando em Literatuda da UnB Francisco Alves. Ele veio de Boa Vista, Roraima. Francisco conta que sempre viveu intensamente as universidades por onde passou, sendo monitor e participando de projetos de pesquisa. "Em Roraima, na graduação, minha mãe alugou um quarto para mim perto da universidade. Disse que pagava o aluguel e o resto, eu me virasse."
Ambos estudam uma média de seis a oito horas por dia. A bolsa é uma ajuda para que se dediquem exclusivamente à pós. Na UnB, de um total de 7,6 mil alunos de pós-graduação, 4,5 mil, quase 60% são brasileiros que não residiam no Distrito Federal. "Temos muitos alunos que vêm de outros Estados, alunos de classe média baixa que têm muita dificuldade em se fixar. A família sustenta na graduação, mas quando chega na pós o estudante já é adulto e às vezes fica mais difícil para a família. Além disso, eles estão em uma fase da vida em que começam a se casar, ou já são casados, têm família para sustentar e isso dificulta enormemente a vida acadêmica", constata o decano de Pesquisa e Pós-Graduação da universidade, Jaime Martins.
"O valor da bolsa melhorou um pouco, mas ainda não é suficiente para que os estudantes possam viver em boas condições e para se dediquem exclusivamente à pesquisa. Não se trata de uma visão romântica, é algo prático, para que o estudante possa ter mais tempo dedicado ao trabalho e fazer aquilo da melhor forma possível. Com dedicação, melhor será o trabalho, melhor a publicação e mais mérito acadêmico para o aluno e para a universidade", diz Martins. Fonte: Com informações da Agência Brasil

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