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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PR: Frigorífico responderá por tráfico de pessoas


Cerca de 50 trabalhadores recrutados no Paraguai, em cidades próximas à Assunção, foram localizados na manhã de ontem em Cambira, na Região Norte do Paraná, alojados em condições precárias de higiene e sob suspeita de trabalhar em condições análogas à escravidão. Os paraguaios eram funcionários do Frigorífico Nostra, de propriedade do empresário Antônio Valdecir Spaciari, de Apucarana. 
A localização dos trabalhadores, que entraram no país com visto de turismo, ocorreu durante operação conjunta entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Londrina e a Polícia Federal em Maringá. O procurador Luiz Carlos Fabre, que dirige a Coordenadoria de Erradicação do Trabalho Escravo do MPT em São Paulo, acompanhou a operação e afirmou que “a priori, há indícios de tráfico internacional de pessoas e descumprimento completo da legislação trabalhista”. Até o fechamento desta edição, procuradores e agentes da PF continuavam no local, ouvindo depoimentos dos paraguaios. 
A estratégia era utilizar o tempo do visto de turismo, com prazo de 90 dias, para trabalhar ilegalmente no frigorífico. Um dos trabalhadores contou que recebia em média R$ 600 reais mensais, embora a promessa feita no Paraguai fosse de R$ 1,4 mil por mês. Segundo relatos, os funcionários eram obrigados a cumprir excessiva jornada de trabalho, que chegava a 12 horas de serviços em alguns casos.
Em nota, a PF informou que todos os trabalhadores que estão no local com visto de turista serão notificados a deixar o país em oito dias, e deverão pagar multas com base no Estatuto do Estrangeiro. O frigorífico será autuado por empregar estrangeiros irregularmente e terá de pagar todas as verbas trabalhistas devidas, além de responder por crime de trabalho análogo à escravidão.
Há cerca de um mês, o local vinha sendo monitorado por policiais federais. O procurador Heiler Ivens de Souza Natal, do MPT em Londrina, chegou a cruzar dados de produção do frigorífico com o número de trabalhadores legalmente registrados, encontrando inconsistências nos números. A localização dos paraguaios ocorreu após o relato de uma funcionária do frigorífico, inconformada com a situação, a um taxista de Maringá. A mulher teria informado que a contratação ilegal dos estrangeiros era de conhecimento do proprietário da empresa e indicou a localização do frigorífico. Da Gazeta do Povo

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