Da Folha.com
"Eu chorei, a diretora chorou, todo mundo chorou", assim Carina Gomes dos Santos, 16, descreveu a reação dos alunos e professores do Colégio Aquiles Lisboa, em São Domingos do Azeitão (MA), que obteve a pior nota no Enem 2011. A diretora do colégio, Leia Barbosa da Silva, atribui o mau desempenho à realidade socioeconômica local, ao descaso do Estado em relação à educação e à ressaca dos alunos no dia do exame. Entre os alunos, poucos têm condição de fazer um curso superior. Não há faculdade na cidade, e a opção mais próxima é um centro da Universidade Estadual do Maranhão que fica a 180 km da cidade. Além do perfil dos estudantes, problemas de falta de professores contribuíram para o resultado no Enem. A diretora diz que, no ano passado, os alunos permaneceram sem professor de química, filosofia e sociologia até junho. Neste ano, quatro dos professores concursados estão dando aulas em disciplinas nas quais não são formados. Destes, três vêm de outras cidades para lecionar. De acordo com a diretora, os alunos que prestaram o exame no ano passado não estavam em condições de fazer a prova. Ela conta que eles viajaram a São João dos Patos, a 140 km da cidade, para fazer o Enem e lá participaram de uma festa com música e bebida alcoólica. Leonardo Dina da Silva, 19, um dos alunos que prestou o Enem no ano passado, confirmou: "A maioria nem compareceu para a prova no primeiro dia porque estava de ressaca", lembra. "Estamos tristes porque essa nota não representa a realidade da nossa escola", afirma a diretora, que diz que o colégio é um dos mais organizadas do Estado, com biblioteca, laboratório de ciências e até ar condicionado. Em nota, a Secretaria de Educação do Maranhão informou que vem realizando investimentos para alavancar os índices educacionais do Estado.
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