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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

GRAÇAS A ELE, TODOS MORRERAM ABRAÇADOS


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247 - Oficialmente, o ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, defendeu apenas o vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, por honorários não inferiores a R$ 10 milhões. Seu cliente, ontem, teve a pena definida em 16 anos e oito meses de prisão, o que fará com que cumpra boa parte dela em regime fechado. Uma pena "pesadíssima", segundo o ex-ministro, que, na sustentação oral afirmava que a condenação de Salgado desafiava a "lei da gravidade", uma vez que sua posse na direção do banco ocorreu após a concessão dos empréstimos ao PT.
Bastos sustentava que os empréstimos, regulares, haviam sido concedidos por José Augusto Dumont, já falecido, que foi presidente do Rural. Salgado, assim como outros executivos do banco, apenas participaram dos processos de renovação de uma operação já existente. Sua argumentação, no entanto, não foi ouvida e o advogado que é constantemente badalado como o mais influente do País – até por ter participado do processo de escolha de vários ministros do STF – perdeu mais uma. Suas derrotas, como a de ontem, vêm ocorrendo em série. O ex-ministro não conseguiu livrar Carlos Cachoeira da prisão, antes de romper com o cliente, e também não teve sucesso na defesa de Thor, filho de Eike Batista, que continua com a sua carteira apreendida.
Essa percepção de que Bastos possuía uma varinha mágica foi decisiva no processo de escolha dos advogados. Oficialmente, o ministro da Justiça participou apenas da defesa de Salgado, mas o fato é que ele esteve por trás da defesa de vários réus, especialmente do núcleo político, onde todos, agora, se preparam para morrer abraçados. E se os réus são inocentes, como proclama a nota divulgada ontem pelo PT, há uma parcela de culpa dos advogados, que foram incapazes de construir uma narrativa que convencesse a maioria dos juízes, por mais atípico ou insólito que tenha sido o julgamento, como defende o escritor Eric Nepomuceno (leia mais aqui).
Havia ou caminho melhor? Difícil prever. Mas se cada réu tivesse adotado uma estratégia autônoma, defendendo seus próprios interesses, e sem esperar pela mágica do advogado mais influente do País, talvez o desfecho tivesse sido outro. Também não contribuiu em nada para os réus a publicidade que os advogados hoje fazem dos seus próprios honorários - R$ 10 milhões para cá, R$ 5 milhões para lá e assim por diante. Se petistas hoje alegam que não acumularam patrimônio pessoal, o que em muitos casos é verdade, por que badalar despesas tão caras com a defesa? Curiosamente, o primeiro réu a se livrar das penas, o empresário Carlos Alberto Quaglia, conseguiu ser julgado em primeira instância, valendo-se da defensoria pública da União. Não gastou um centavo e está livre.

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