O governo boliviano decidiu excluir a empresa privada brasileira OAS da construção de um polêmico trecho de estrada em uma reserva ecológica no centro do país, uma obra criticada por indígenas da Amazônia, informou o governo, citado neste sábado por meios de comunicação locais.
A OAS assinou um contrato com a Bolívia em 2010 para construir 300 km de estrada, dividida em três trechos: o primeiro de 47 km, o segundo de 177 km e o terceiro de 82 km, a um custo total de 415 milhões de dólares, dos quais 332 milhões correspondem a um crédito brasileiro.
É no segundo trecho que se encontra o parque ecológico TIPNIS, rico em flora e fauna e do qual a empresa OAS foi excluída, informou o presidente da Administradora Boliviana de Estradas (ABC), Luis Sánchez, citado pela rádio privada Erbol.
"Não estou satisfeito, a porcentagem (construída) é baixa, estão trabalhando em um ritmo muito lento, as desculpas foram as chuvas, mas, na realidade, houve muitos dias sem chuvas nos quais tampouco estavam trabalhando. Temos informações de tudo o que está ocorrendo", afirmou Sánchez.
Depois acrescentou: "ficou claríssimo que o trecho dois já não é parte do trabalho da OAS. A OAS tem que trabalhar apenas nos trechos um e três".
A decisão foi tomada dias após a oposição denunciar que o presidente da ABC pagou ilegalmente em 2009 um total de 7,5 milhões à OAS, antes de assinar o contrato.
A estrada também provocou o protesto de indígenas, que argumentam que causará graves danos ao meio ambiente, embora o poder Executivo garanta que gerará desenvolvimento econômico nas regiões ligadas ao percurso.
Nativos amazônicos marcharam em outubro passado contra o trecho que se encontra no TIPNIS e anunciaram que voltariam a protestar no fim de fevereiro, diante da insistência do governo de fazer a obra. Da AFP Paris
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