Vampeta é daqueles personagens folclóricos em extinção no futebol. O ex-jogador sempre falou o que pensava. Mesmo após pendurar as chuteiras, o estilo jocoso ao conceder entrevistas continua. Hospedado no mesmo resort onde o Vasco inicia neste sábado a pré-temporada, em Atibaia, interior de São Paulo, o “Velho Vamp” dá uma clínica de futebol para crianças e revê amigos que atuam no clube de São Januário, casos de Eduardo Costa e Alecsandro.
Com blocos e gravadores na frente, o alvo predileto apareceu novamente: o Flamengo e os problemas para receber os salários enquanto defendia o clube em 2001. Vampeta falou sobre a declaração polêmica da época ao criticar a diretoria: “O Flamengo fingia que me pagava e eu fingia que jogava”. Apesar do tom de brincadeira e discurso de respeito ao torcedor, o ex-jogador voltou a criticar o Rubro-Negro carioca.
“Não é mentira, não. Nem o Galinho Zico escapou. Ficou alguns meses como diretor e caiu fora (risos). Brinquei com ele no Jogo das Estrelas que o clube só finge que paga. Ele dá risada quando falo isso. Mas é uma brincadeira. Respeito muito a camisa e a torcida do Flamengo. Espero que a Patricia [Amorim, presidente] não seja assim e honre os compromissos. Na época, ninguém honrou nada comigo. O presidente era o Edmundo Santos Silva, o chorão, ele é até meu conterrâneo. Fiquei lá de julho a dezembro apenas. Terminou o Brasileirão e liguei para os meus empresários avisando que não voltaria mais. Muita gente me queria. Acabei voltando ao Corinthians. Se ficasse no Flamengo talvez não tivesse sido campeão de p... nenhuma”, afirmou Vampeta, explicando como a polêmica começou na época da declaração.
“Isso foi uma brincadeira que fiz após ter sido campeão da Copa do Mundo de 2002. Tinha aquela Copa dos Campeões e o vencedor jogaria a Libertadores. O Corinthians havia sido campeão da Copa do Brasil e já estávamos na competição. Só que éramos campeões do Torneio Rio-São Paulo e fomos disputar só para encher linguiça. Acho que jogaríamos contra o Fluminense e veio o papo de que eles não entrariam em campo por causa de uma greve. Brincando com o Ricardinho, Fábio Luciano, Deivid e Gil, me perguntaram se recebia no Flamengo. Só que tinha um cara gravando o bate-papo. Aí, falei: “Pagavam nada. Eles fingiam que pagavam. E eu que jogava”. Mandaram isso para todos os meios de comunicação e tive que falar. Convoquei uma coletiva no Corinthians e expliquei que não tinha dado entrevista para ninguém, mas que tinha falado mesmo que o Flamengo não pagava”, completou.
Sobre a falta de jogadores com o seu estilo descontraído no futebol atual, Vampeta esboçou o ponto de vista e deu até a “receita” do modelo.
“Vejo hoje tudo muito fechado. Você quer marcar uma entrevista com algum atleta e tem que ligar para assessor particular, do clube. É tudo via twitter, essas coisas. Eu nem mexo com essas paradas. Antigamente, você saía do campo e falava com todo mundo. Hoje tem que entrevistar quem eles escolhem. É tirado a dedo. Isso nunca concordei na bola. O futebol é totalmente diferente disso aí. É aquilo que falo. O jogador de futebol tem que gostar de jogar, ganhar, mulher e bebida (risos)”, brincou.
Questionado sobre os rivais e o gosto por falar sobre Flamengo e São Paulo, que também foi alvo das brincadeiras de Vampeta anos atrás, o bem-humorado baiano resumiu.
“Gosto de dar uma cutucada. Flamengo e São Paulo são eternos inimigos (risos). Quando vou ao Rio de Janeiro o pessoal do Flamengo fica danado comigo”, encerrou. Vinicius Castro Do UOL, em Atibaia (SP)
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