“Deixei de ser só profissional quando recusei os milhões do Arsenal para jogar a Série B. Ali, já falei com o coração.” Essa e outras declarações marcantes do goleiro Marcos estão em “São Marcos de Palestra Itália”, livro publicado pela Realejo Edições. O jornalista e escritor Celso de Campos Jr., autor da consagrada biografia do sambista Adoniran Barbosa, reconta em 304 páginas a trajetória do caipirão que chegou ao Palmeiras com a fama de ter sido trocado por doze pares de chuteiras e alcançou o topo do mundo como titular da Seleção Brasileira pentacampeã na Copa de 2002. Bem documentado e criterioso, mas com texto leve e descontraído, acompanhado por uma centena de fotografias – incluindo raras imagens da época em que o craque ainda tinha cabelo! –, o livro dá uma nova dimensão à figura do ídolo. Longe de santificar o homem, este humaniza o santo. “São Marcos de Palestra Itália” foi idealizado em 2003, quando o goleiro demonstrou uma paixão incomum no mundo do esporte profissional ao recusar a milionária proposta do Arsenal, na Inglaterra, para jogar a segunda divisão do Brasileiro com o Palmeiras. Mas as folhas do calendário voaram mais rápido que os cabelos do rapaz de Oriente – e eis que já estávamos na temporada de 2011. Nesses oito anos, Marcos solidificou-se como um personagem ímpar no futebol nacional: sua sinceridade, sua competência e sua lealdade lhe renderam a devoção incondicional da massa palmeirense e, caso raro, a admiração das torcidas rivais. Em uma era de atletas cada vez concebidos e alimentados pelo marketing, o pentacampeão manteve a mesma autenticidade daquele jovem caipira que, em 1992, desembarcou em São Paulo para tentar a sorte no Palestra Itália. Como pano de fundo dessa carreira peculiar, descortinava- se a própria trajetória recente do Palmeiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário