Enganar os alunos mais fracos, obrigando os professores a despachá-los para cima não é solução.
Como épossível aparecerem nos centros de formação profissional pessoas com o 9º ano quenão sabem ler? A partir daqui pouco há a fazer. Por um lado o período em que osneurónios estão 'tenros' já foi. Por outro são pessoas que nunca provaram o gozo desaber algo para além de futebol, mulheres, smartphones, roupa desportiva de marca, etc. A vida deles orbita esse mundo.
Eu perceboque há gente muito pobre cujas perspectivas são baixíssimas. Mas porque cargade água há-de a escola pactuar com esse estado de coisas? Entra-se na escola,entra-se noutro mundo. Pode haver algum sururu mas os primeiros dois anos deescola são fundamentais e é nesse período que se 'explica' aos pimpolhos que omundo lá de fora ficou lá fora. Meter o lá fora na sala de aula é mortal para aescola, para a aula e para todos os alunos inclusive para aqueles que são a sementedo problema.
Depois há ocaso dos que são pouco inteligentes ou pouco esforçados. A natureza é tramada: há crianças com neurónios fraquinhos.Ou porque (não) herdaram dos pais, dos avós, da pinga, da droga, dos maus tratos, desleixo, o quequisermos. Mas, infelizmente pouco se pode fazer por essas crianças para alémde as tentar equipar com competências que lhes permitam aprender um ofício, colocando-as numa via de ensino que esteja ao alcance delas.
Se um aluno não sabe tem que chumbar. Sejano 1º ano, seja no 2º, tem que chumbar. Não é com sociologias que ele passa asaber. As sociologias são um rastilho que se propaga aos outros alunos. Amelhor coisa que se pode fazer com eles é não os colocar em turmas com os alunos que aprendem com rapidez e gostam do desafio de estudar.
Por um lado não se quer "traumatizar" a criança mas poroutro pespega-se-lhe à frente dos olhos, diariamente, que os restantes sãomelhores que ele. Se um aluno não 'dá', não 'dá'. Tem que ser encaminhado parauma alternativa ao nível dele, onde possa ser útil em primeiro lugar a sipróprio, se sobrar para a sociedade pois tanto melhor. Mas, atenção, o que querque ele venha a conseguir em termos de grau académico não se poderá nuncaconfundir com o caminho regular. Que haja 'pontes' para que ele, seposteriormente atinar, seja sujeito a provas e reentre no caminho regular. Masnão se pode deixar que haja confusão entre vias académicas, sejam curtas oucompridas. Quem mais beneficia com a existência de várias vias são os alunos mais fracos. De outra forma não faltarão espertalhões (alunos, pais, psicólogos, sociólogos eassistentes sociais), a "encaminhar" vítimas para o caminho errado.
O ensino profissional não pode ser o caixote de lixo dos desvios sociológicos do próprio sistema. O ensino profissional deve ser percorrido por aqueles queestão à altura de cada umdos muitos ramos do ensino profissional. Nalguns casos o ensino profissionalterá que começar algures no 5º ou 6º ano de escolaridade. Outras vezes, depois do 7º ano de escolaridade. O aluno não consegueaprender a ler? Não gosta de estudar? É incapaz de aprender matemática? Terá que ter uma saída. Mas que sirva para ele. Arrastá-lo anose anos em aulas que nunca percebe, 'obrigando' professores a 'despachá-lo paracima' porque não podem remetê-lo para trás não vale a pena. Não serve a ninguémmuito menos ao próprio aluno. Por Prof. Ramiro Marques // http://blogdomariofortes.blogspot.com/
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