Bruno Capelas
São Paulo - Em tempos de crise, o mercado brasileiro de celulares deu um passo atrás: a venda de celulares básicos, sem acesso à internet, cresceu 18,5% no ano de 2016, na comparação com o ano anterior, segundo dados da consultoria IDC Brasil. Ao todo, 4,9 milhões de aparelhos do tipo foram vendidos no País durante o ano passado.
"A crise e a desvalorização do real frente ao dólar, especialmente no início do ano, influenciaram bastante nesse movimento", diz Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil. Como muitos dos componentes de smartphones são importados - a maioria dos aparelhos são apenas montados no País -, a influência do dólar fez o mercado de smartphones de entrada ficar pouco acessível para muitos brasileiros. "O usuário que queria comprar um novo celular inteligente acabou tendo de voltar para um modelo mais básico", avalia Munin.
"O consumidor pode ficar sem um produto de alta especificação, mas não fica sem telefone", diz Francisco Hagmeyer Jr., diretor comercial da DL, uma das principais fabricantes que se beneficiaram com a busca por aparelhos mais básicos - chamados de feature phones.
Para Fernando Pezotti, diretor-geral da Alcatel no Brasil, outro fator que influenciou o cenário foi o fim da Lei do Bem, que concedia isenção de impostos a alguns smartphones mais baratos. "Com o fim da lei, os aparelhos ficaram até 10% mais caros".
Mercado
Os celulares mais básicos, segundo a IDC, foram responsáveis por 11% do volume de vendas de dispositivos no País em 2016, mas representaram apenas 2% do faturamento das fabricantes no País. Ao todo, o setor - incluindo a venda de smartphones - teve queda de 5,2% no ano passado, com 48,4 milhões de aparelhos comercializados. Em 2015, foram 51,1 milhões de dispositivos.