Com os empresários Milton e Salim Schahin, a lista de ameaçados com a investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aumenta. O suposto autor das ameaças da vez estende relações além do PMDB: é figura conhecida de tucanos.
Mais dois alvos da Operação Lava Jato afirmaram que foram pressionados em investigação que envolve o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os empresários Milton e Salim Schahin, donos da empresa que leva o sobrenome da família, declararam em depoimentos que sofreram ameaças de morte por Lúcio Bolonha Funaro, aprontado pela PGR como o “operador” de Cunha.
Os executivos contaram que foram alvo de diversas ameaças, que chegaram a ser registradas em boletins de ocorrência, e que por conta das ofensivas tinham medo de prestar esclarecimento aos investigadores.
Salim Schahin, que firmou acordo de delação premiada, relatou que as ameaças de Lúcio Bolonha Funaro chegavam por telefone ou mensagens. “Funaro certa vez ligou para o depoente, dizendo que sabia onde o filho do depoente morava e onde o neto estudava […]. Que escutou da própria boca dele que iria arrebentar o carro do depoente e coisas do gênero”, diz a transcrição feita pela equipe de investigadores.
Apesar de ter como agente direto da pressão Lúcio Bolonha Funaro, o operador foi alvo de mandado de busca e apreensão no mesmo dia em que o STF autorizou as investigações nos imóveis de Eduardo Cunha. Ambos integram o mesmo inquérito da Polícia Federal, que apura o papel de Funaro na lavagem de dinheiro dos ganhos ilícitos de Cunha. A relação dos dois vai além: o operador pagava, direta ou indiretamente, despesas do presidente da Câmara. Como contrapartida, Cunha escalava deputados aliados para apresentarem requerimentos nas comissões da Câmara com o objetivo de pressionar a Schahin – um segundo tipo de retaliação que Cunha praticaria.
Os irmãos empresários já admitiram que foram beneficiados por um contrato bilionário com a Petrobras, assinado supostamente para compensar uma dívida do PT com o banco Schahin.
A Folha de S. Paulo estampa que Funaro e os irmãos travam uma guerra desde 2008, quando ocorreu o rompimento da barragem de Apertadinho, em Rondônia, deixando centenas de famílias desalojadas. À época, a Centrais Elétricas de Belém, controlada por Funaro, contratou um consórcio que incluia a empresa Schahin. Depois do acidente, uma batalha judicial teve início para definir quem arcaria com os custos.
Puxando a capivara
Entretanto, o jornal não relembra outras relações de Lúcio Bolonha Funaro, que se estendem pelo PMDB de Cunha. Funaro aparece na CPI dos Correios, em uma operação que deu prejuízo de R$ 32 milhões ao Banco do Brasil. Nesse mesmo episódio, sai ganhando a corretora Link, dos filhos de Luiz Carlos Mendonça de Barros – figura próxima de José Serra e nomeado presidente do BNDES, em 1995, por Fernando Henrique Cardoso.
Funaro é, ainda, sobrinho do ex-ministro da Fazenda, Dilson Funaro, durante o governo Sarney. O próprio empresário Mendonça de Barros chegou à diretoria do Banco Central pelo tio de Lúcio Funaro.
Lista de ameaças
Os irmãos Schahin não são os primeiros a afirmarem que sofreram ameaças no caso que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de ter se beneficiado de esquema de corrupção na Petrobras.