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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

BA: Estado usará IA contra a violência de gênero nas festas de Verão

Reprodução
O Carnaval é tempo de folia, festa e alegria, mas também período de preocupação para mulheres. Em 2024, foram registradas 244 ocorrências de violência contra elas durante a folia em Salvador, sendo 96% destas ocorrências de importunação sexual. O uso de ferramentas tecnológicas é a aposta para um cenário diferente na festa deste ano.

O aplicativo “Oxe, me respeite” do Governo do Estado, já tem presença confirmada na avenida, enquanto a Prefeitura de Salvador tem tratativas avançadas para que a ferramenta Nina seja usada neste Carnaval – após testada no Festival da Virada.

‘SuperNina’
“Muitas vezes quando acontecem crimes como esses há uma desorientação da vítima de ‘pra onde eu vou, o que eu faço, onde reporto’”, conta a fundadora e diretora executiva da startup Super Nina, Simony César.

Quem passou pelo Festival da Virada pode ver diversos QR codes espalhados cuja função era iniciar o contato com a inteligência artificial Nina via Whatsapp, para denúncias de importunação sexual.
A ideia é que a IA converse e faça perguntas sobre o caso para não só servir como canal de denúncia – não conta como um boletim de ocorrência -, mas também para orientar a vítima para a Casa da Mulher Brasileira e mapear a violência.

O ato da denúncia – com ou sem fotos ou vídeos – colabora para que a inteligência identifique os pontos com maior importunação sexual por meio de um mapa de calor de ocorrências e que a partir daí possam ser tomadas as medidas cabíveis, como, por exemplo, aumentar a presença de agentes de segurança no local.

A oferta do serviço é fruto de uma parceria da empresa Salvador Turismo (Saltur), a Secretaria de Políticas para as Mulheres e Juventude e a startup Super Nina.

A tecnologia já é utilizada em outros estados, como Fortaleza. O teste no Festival da Virada em Salvador, deixou a expectativa de oferta não só no Carnaval.

“Há sim grande possibilidade do Nina vir para o carnaval e também ficar atrelado ao nosso sistema de mobilidade com ação nos ônibus de forma permanente”, pontuou a secretária municipal de políticas para mulheres, infância e juventude de Salvador, Fernanda Lordelo.

Para ela, as ocorrências foram mais baixas que as do ano anterior, já por conta da presença do aplicativo, que inibiu determinadas condutas de importunação sexual no espaço do evento.

A tecnologia integrada pode se conectar também com outros sistemas além do Whatsapp, como os aplicativos de transporte Cittamobi, Uber e 99.

‘Oxe, me respeite’
Outro aplicativo que vai estar presente na avenida neste Carnaval é o “Oxe, me respeite”, que já esteve na folia do ano passado e faz parte da campanha com o mesmo nome. O aplicativo é um dispositivo de georreferenciamento que indica os postos de proteção próximos de onde a pessoa se encontra, como delegacia, postos de saúde, defensoria e outros.

A ideia é que o sistema facilite a identificação dos locais mais próximos para que a pessoa possa buscar ajuda. O aplicativo está disponível tanto para Android quanto para IOS.

Porém, a advogada e representante da organização Tamo Juntas – assessoria multidisciplinar gratuita para mulheres em situação de violência – indica que o uso das tecnologias é um facilita, mas não resolve o problema.

“Além de facilitar a denúncia é preciso conscientizar homens, mulheres, e todas as pessoas envolvidas nessas festas sobre o enfrentamento à violência contra mulheres, em especial, à importunação sexual. Explicar o que seria importunação sexual, o que seria assédio, quais são as formas de violência, e aí então como denunciar”.

Prevenir e enfrentar
A campanha “Oxe, me respeite” inclui também ações de sensibilização sobre a temática da violência com o intuito de prevenção de ocorrências. Aeroportos, estações de metrô, ferry-boat, festas de verão, nesses locais vão ser distribuídas cartilhas de prevenção e enfrentamento à violência, tatuagens do “Oxe, me respeite”, ventarolas e mais.

Vale ressaltar que para as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência Salvador possui três Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), além da Casa da Mulher Brasileira. A coordenadora estadual do equipamento em Salvador, Ana Clara Auto, reforça a importância do espaço.

“É fundamental que as pessoas saibam que é um equipamento totalmente público, de acesso de livre demanda, é porta aberta, como a gente chama. Significa que qualquer mulher que chegue lá em qualquer hora do dia vai ser atendida. Temos acolhimento psicossocial para que ela seja ouvida por uma equipe multidisciplinar de psicóloga, assistente social, orientadora jurídica, (…) e a partir daí ela é encaminhada para os outros serviços”, explica.

No local também é possível realizar boletim de ocorrência, solicitar medida preventiva, além de ser abrigada por 48 horas – o prazo para a vítima ser reinserida numa rede de apoio.

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